Como tudo começou
“10.517”, da série “Encarando meus medos”, de Bryan Lewis Saunders. O artista também faz autorretratos quando acometido pelos seus temores. Este diz “um pouco preocupado com o futuro. Não consigo parar de pensar que o tempo está se esgotando”
Estávamos vendo os noticiários e acompanhando as notícias da pandemia de Covid-19 lá longe, do outro lado do mundo, na China. Quando soubemos que ela havia chegado ao Brasil, com alguma angústia nos afastamos (ao menos quem pôde) das atividades sociais, nos ligamos à tecnologia para trabalhar e socializar e também a alguns paliativos para enfrentá-la. Foram poucos os que, em março de 2020, puderam imaginar que essa pandemia duraria tanto assim. Foi preciso que não acreditássemos que o tempo para atravessá-la seria tão longo para que pudéssemos suportá-lo.
Psicanalistas, que costumavam ou ainda costumam ser avessos ao tratamento on-line, rapidamente se puseram a pesquisar como funcionam os aplicativos, não recuando diante da urgência de se adaptarem. Com a possibilidade do tratamento por vias remotas e perante a angústia da pandemia, psicanalisantes antigos – que já haviam encerrado seu tratamento por conta da distância (os que mudaram de cidade ou país, por exemplo) ou por terem avançado em suas análises ao ponto de solucionar algo que consideraram suficiente para sua vida em outros momentos– voltaram a buscar a análise. Muitos outros pedidos de análise apareceram, o que levou poucos psicanalistas a terem espaço na agenda. Um verdadeiro boom da psicanálise, a ponto de ligarmos a televisão e corriqueiramente encontrarmos psicanalistas falando em algum programa.
O que aconteceu?
Tendo a pensar que estamos entupidos de respostas e carentes de perguntas, que estamos ávidos por boas perguntas. E, se tem uma coisa que uma psicanálise no
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »