Coalizões possíveis
“Proteste” (1974), pôster em serigrafia (Arte: See Red Women's Workshop)
“El Estado opresor es el macho violador”, exclamaram ativistas chilenas em novembro de 2019. Na ocasião, os protestos vindos de populações precarizadas pelas políticas neoliberais, intensificadas no governo do então presidente Sebastián Piñera, foram brutalmente reprimidos. Os “corpos em aliança” tomavam as ruas não apenas para denunciar o controle neoliberal ao qual estavam submetidos, mas para promover uma luta coletiva que vislumbrava saídas anticapitalistas.
É nesse contexto de intervenções que ocorreu a performance Un violador en tu camino, criada pelo coletivo feminista Las Tesis. Foi realizada primeiro em Valparaíso para, depois, ser reiterada em Santiago – e ganhar proporções massivas, alcançando cidades de diferentes países. Não é uma questão menor que tenha surgido no Chile, conhecido laboratório neoliberal inaugurado com o golpe contra o presidente eleito Salvador Allende e a subsequente ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-90). A performance – que também retoma a memória ditatorial para denunciar o Estado patriarcal e suas instituições – buscava “unir o teórico ao prático” ao colocar em cena teses de autoras feministas. Apoiada nessa imagem inspiradora, apresento breves considerações sobre o feminismo decolonial, com o intuito de refletir sobre suas relações com outros feminismos críticos latino-americanos e caribenhos.
É difícil separar a discussão sobre o feminismo decolonial de uma abordagem mais ampla a respeito dos “estudos sobre a colonialidade” ou dos “estudos decoloniais”
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