Um cético contemporâneo

Um cético contemporâneo
Roland Barthes: a utopia de uma linguagem não assertiva (Divulgação)
  Até porque foi um intelectual público, que alcançou leitores cultos além dos muros universitários, mas também porque, da geração dos grandes pensadores franceses da segunda metade do século passado, é hoje o que mais se publica, traduz, revê, interpreta, biografa, já não abrimos mais livro, artigo, ensaio, texto que se queira interessante que não comece citando Roland Barthes. Junto com isso, tornou-se comum ou, melhor dizendo, um lugar-comum, certa referência à inconstância de Barthes, que, inicialmente malvista, termina consagrada como a prova de sua virtude. Assim, a muitas vozes, entoa-se, hoje, uma formulação sua memorável, extraída de uma certa conferência magistral, depois transcrita e publicada sob o título Aula, acerca do homem que galgou o mais alto patamar da educação nacional francesa: “Eu deveria começar por interrogar-me acerca das razões que levaram o Collège de France a receber um sujeito incerto, no qual cada atributo é, de certo modo, combatido por seu contrário”. Decorridos mais de trinta anos da morte do autor de Mitologias – patrimônio da cultura francesa, como noticiava o jornal Le Monde, há alguns anos, quando da reedição do livro em grande formato e versão ilustrada, que ainda não chegou até nós –, e diante do centenário de nascimento, apresenta-se aos estudiosos a oportunidade de arriscar notar em que, exatamente, consiste essa bem-vinda inadequação. Como ainda de observar que, vista do fim, e conquanto nunca se possa dizer de Barthes que tenha se fechado no âmbito de alguma escola, sua obra

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