Dossiê | Roland Barthes
Roland Barthes em seu escritório, nos anos 1970 (Julian Guindeau, L'Express / Divulgação)
Em sua famosa aula proferida no Collège de France, em 7 de janeiro de 1977, o ensaísta e escritor francês Roland Barthes dizia, a certa altura, “que a escritura se encontra em toda parte onde as palavras têm sabor (saber e sabor têm, em latim, a mesma etimologia)”. Seria com estes termos que ele arremataria sua aula, vista por seus estudiosos como uma súmula de sua trajetória intelectual. Ao falar sobre a nova etapa de sua trajetória, a “idade de outra experiência, a de desaprender”, Barthes escreveu: “Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível”. Nos textos reunidos neste dossiê, em comemoração ao centenário de nascimento de Barthes, o leitor encontrará o saber e o sabor que perpassam sua obra, que foi, no passado, objeto de grande polêmica, e hoje é uma referência talvez inescapável para qualquer estudioso que lide com a língua, na sua relação de “mestre e escravo”, com tudo que ela arrasta de servidão e poder, para ficar em termos utilizados por ele na aula de 1977. Nascido em Cherbourg, na França, em 12 de novembro de 1915, não é tarefa fácil definir quem foi Roland Barthes – talvez nem seja desejável, pois seria metê-lo numa camisa de força que sua atividade plural não permitiria. Como lembra a crítica e professora Leyla Perrone-Moisés, num artigo publicado na Revista CULT em 2006, e reeditado neste dossiê, foram
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