Privado: Brecht em Porto Alegre
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Para José Pasta, professor de literatura recém-aposentado da USP e especialista em Bertolt Brecht (1898-1956), três são as grandes qualidades da obra do diretor: “a não renúncia ao combate à forma-mercadoria, ou seja, o módulo fundamental do capital; a distância e insistência na objetividade e no realismo; e o vínculo crítico com as formas culturais populares”.
Herdeira mais próxima da estética brechtiana, embora não estritamente fiel a ela – algo, segundo Pasta, essencial para o sucesso das adaptações do dramaturgo –, a Berliner Ensemble, companhia criada por Brecht há 63 anos, desembarca no Brasil para três apresentações durante o 19º Porto Alegre em Cena.
“Brecht precisa ser pensado a cada contexto em que é exibido. Não vale a pena congelá-lo, como um objeto de museu. Ele escreveu para as diferentes situações, pedindo para ser adaptado a cada uma delas”, diz Pasta. Apesar disso, deixa claro: “O sangue da concepção brechtiana circula amplamente em todas as pessoas que fazem e pensam o teatro”.
A capital gaúcha recebe encenações de “Mãe Coragem e seus filhos”, peça escrita em 1939. “Brecht fez dela uma encenação esplêndida. A atualidade do assunto se prende ao fato de que estão todos entregues a comprar e vender enquanto a vida se desgraça em volta da gente. A mãe coragem é cega, e é por isso que a gente enxerga”, diz Pasta.
As apresentações acontecem nos dias 6, 7 e 8 deste mês.
Porto Alegre em Cena
Onde: diversos locais em Porto Alegre (RS)
Quando: 4 a 24/9
Quanto: gratuito até R$
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