Walter Benjamin e a fantasmagoria
Benjamin chama de fantasmagórica a cultura capitalista, a história da cultura, o espaço, o tempo, dentre outros (Reprodução)
O adjetivo fantasmagórico aparece usualmente, sobretudo no senso comum, mais como sinônimo de fantasma do que de esilusão, falseamento. Em outras palavras, o termo, que também significa o que é relativo a fantasmas, ganhou pelo uso mais proximidade com seres espectrais, assombrados, mortos-vivos, de outro mundo, e menos relação com o significado de irreal, quimera, utopia, fabulação. Interessa-nos aqui justamente esta segunda acepção de fantasmagoria, notadamente porque vimos trabalhando com o conceito de “democracia fantasmagórica” no esforço de compreensão do Brasil da Nova República, com destaque para os últimos quinze anos (2003-2018), quando o lulismo enquanto pacto social, campo político e conformismo entra em cena, ao mesmo tempo que o par neo-neo (neoliberalismo-neoconservadorismo) materializa um corpo prenhe de afetos desencantados e desencantos do afeto, a caminhar pelas formas de hegemonia vigentes. Os acontecimentos de junho de 2013 e a chamada onda conservadora são dinâmicas distintas, mas relacionadas, das metamorfoses do/no Estado Ampliado periférico.
A fantasmagoria foi uma categoria central para as análises de Walter Benjamin no projeto das Passagens (1927-1940), já presente nos textos mais maduros da década de 1930, profundamente vinculados ao materialismo histórico, ao qual adere paulatinamente a partir da leitura de Lukács (História e consciência de classe, de 1921), em 1924. Nestes escritos Benjamin começa a conferir mais atenção à teoria marxista da cultura da mercadoria com lastro no conceito de fetichismo.
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