A literatura original Afro-Barroca da Bahia

A literatura original Afro-Barroca da Bahia
Convento e Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia (Foto: Adelano Lázaro)
  No filme Sermões, de Julio Bressane, o poeta Caetano Veloso aparece sob a capa do poeta Gregório de Matos. Esta associação entre Caetano e Gregório já se tornou quase um lugar-comum em reflexões sobre o fazer poético no Brasil. Aparece em textos de James Amado, Affonso Ávila, Augusto de Campos, Charles Perrone etc. Mas embora seja uma boa prática levantar automaticamente a guarda diante do lugar-comum, eis aí uma relação clara e correta, que se impõe pela evidência. Uma relação explicitada, aliás, pelo próprio Caetano, não só pelo fato dele ter musicado e gravado um soneto de Gregório, como por suas inúmeras declarações, em poemas e entrevistas, sobre o seu próprio barroquismo. Mas a presença do barroco, na criação textual contemporânea da Bahia, não se resume à projeção da figura e da linguagem do Boca do Inferno, demônio seiscentista dos signos deslocando-se no tempo para influir e imantar novas coreografias verbais, em pleno século 20. Menos visível, mas nem por isso menos real, é a presença de Antonio Vieira, o imperador da língua portuguesa, como o chamou Fernando Pessoa, num dos poemas de Mensagem. É bem verdade que Vieira não encontrou o seu Caetano Veloso, uma estrela da cultura de massa que fizesse voltar spots para o seu texto. Mas não é só. Reconhece-se a presença de Vieira na literatura brasileira contemporânea - do Livro de ensaios: Galáxias, de Haroldo de Campos, ao Catatau, de Paulo Leminski, para citar dois exemplos -, mas tudo se passa como se o pregador barroco-sebastianista tivesse desaparecid

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Novembro

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