Avareza e religião

Avareza e religião
Tiara papal usada pelo pontífice Pio IX, em 1854 (Dicastério Da Igreja Católica)
  Diferentes sistemas religiosos têm procurado, através da História, lidar com a questão da riqueza e da pobreza, da justiça social e econômica, da generosidade, da compaixão, da ganância, da avareza, daquilo que é considerado suficiente e daquilo que é excesso. Diante do capitalismo globalizado neoliberal, das crises econômicas que submetem nações inteiras a dívidas irrecuperáveis e, consequentemente, à miséria de muitos e ao enriquecimento de poucos, inúmeros estudos teológicos têm sido feitos ao redor do mundo. No âmbito cristão, igrejas, instituições de ensino e organismos ecumênicos se ocupam dessas temáticas. A avareza, o assunto de interesse deste artigo, é uma palavra que provém do latim avaritia e significa, segundo o Aurélio: excessivo e sórdido apego ao dinheiro, esganação; falta de generosidade, mesquinhez. Na tradição católica, a avareza é considerada um dos sete pecados capitais. Na ética cristã como um todo, é uma forma de idolatria. A tradição bíblica A principal fonte de inspiração para a tradição cristã provém dos ensinamentos bíblicos. Eles estão fundados na noção de que Deus, como criador, provê o que é necessário para o sustento da humanidade. O mundo criado, oikos, casa comum, tem capacidade para produzir copiosamente, de modo que as pessoas e demais espécies que habitam o planeta possam sustentar-se cotidianamente. A partir do mito da criação, no qual há abundância no jardim (Gênesis 1-3), passando pela história do maná no deserto quando Deus envia uma espécie de “pã

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