Atirar para matar

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Atirar para matar
(Foto: Arte Revista Cult)
  Ágatha Félix, aos 8 anos, estava ao lado da mãe no transporte coletivo quando foi assassinada com um tiro de fuzil, em 20 de setembro, no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Na madrugada seguinte, um grupo de 10 a 20 policiais militares invadiu o hospital onde Ágatha foi internada em busca da bala que atingiu a menina. A equipe médica se recusou a entregar a prova que poderia ter apontado a autoria do crime. Entretanto, o exame de balística não identificou de qual arma partiu o disparo. Segundo o laudo da perícia, o vestígio estava “inviável para o exame microcomparativo”. Ainda assim, sabemos que o Estado brasileiro é o autor do crime, representado por um policial militar com nome e sobrenome protegidos, que obedecia às ordens do governador Wilson Witzel de atirar para matar.  Os movimentos de favela do Rio convocaram uma manifestação no sétimo dia da morte de Ágatha, 27 de setembro, dia de Ibeji nas religiões de matriz africana, e de Cosme e Damião no catolicismo popular. Data para distribuir doces e celebrar a alegria da criança interna de cada um. No mesmo dia, em São Paulo, a Coalizão Negra por Direitos e a Convergência Negra chamaram as pessoas para a Paulista. Havia quase dois policiais militares para cada manifestante. Clima tenso, com viaturas e ônibus, armas ostentadas e policiais filmando cada pessoa. Nada da alegria dos erês. Assim que o ato saiu do vão do Masp rumo ao escritório da Presidência, quase na esquina da rua Augusta, um homem com dreads, que parecia vender artesanatos, atacou fotógrafos e manifestantes

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