Assalto e assédio audiovisuais
Desde o apresentador que assedia a cantora até o ex que chantageia com nudes, esta é a esfera do assédio audiovisual (Andreia Freire/Revista Cult)
A sociedade do espetáculo é aquela em que a imagem é o capital. Ela vale mais do que tudo. Quem não tem o capital “imagem”, o capital para “aparecer” e, desse modo, provar que é alguém no mundo das imagens, se sente mal. Se instaura, por meio dessa nova forma do capital, um grande mal-estar na civilização, caracterizado pela vergonha de ser quem se é quando não se é “belo, branco e rico” ou suas variações. A medida do autoritarismo estético é lançada sobre todas as cabeças e corpos e quem não puder se adaptar está morto. Os distúrbios de imagens de nosso tempo são sintomas de um sofrimento para adaptar-se.
O desejo de “fazer parte” gera sofrimento, mas também perversão. No caso do capitalismo, o sistema gera seus próprios criminosos. O crime é inerente à lógica do capitalismo baseado na prática da exploração do outro. A corrupção é sua natureza sempre disfarçada. O outro coisificado, o outro que não merece “direitos” é o objeto de uma violência previamente consentida. O que é de cada um, no sentido existencial, deve ser eliminado.
É nesse contexto que podemos falar de assédio audiovisual e de assalto audiovisual. O capitalismo sempre foi expropriação e exploração do trabalho, mas agora, no atual estágio em que a imagem é o capital, ele é também expropriação e exploração da imagem de uma forma diretamente violenta.
Surgem, nesse sistema esteticamente controlado, novos tipos de transgressores. Assediadores e assaltantes de imagens que, como qualquer criminoso, violentam o que está a
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