Arnaldo Antunes inicia turnê "Acústico MTV"

Arnaldo Antunes inicia turnê "Acústico MTV"

O formato “acústico MTV” trouxe aos palcos vários artistas consagrados, como Rita Lee, Gilberto Gil, Titãs e Nirvana, possibilitando novos arranjos e uma proximidade diferente com o público.

O ex-integrante dos Titãs Arnaldo Antunes, que consolidou uma extensa carreira solo desde que saiu do grupo (passando por parcerias e trabalhos com o grupo Os Tribalistas), gravou o acústico em dezembro, nova parceria com o produtor Liminha, que foi ao ar no início deste mês.

Autor de músicas conhecidas pelo público como “Comida”, que assina como um dos compositores, enquanto ainda fazia parte dos Titãs, e “A Casa é Sua”, que embalou as gravações do DVD  anterior “Ao Vivo Lá Em Casa” (2010), reúne no novo projeto, além dos sucessos da carreira, canções inéditas para o público e antigas composições nunca antes gravadas na voz do autor.

A turnê inicia hoje com show no SESC Piracicaba (SP); São Paulo e Rio de Janeiro também estão na rota do cantor, além de Curitiba, onde toca no Festival Lulapaluna.

Em entrevista à CULT, Arnaldo Antunes fala sobre o repertório da turnê e o processo de criação:

CULT – Como foi escolhido o repertório para o acústico MTV?

Arnaldo Antunes – Olha, eu acho que o acústico é uma oportunidade de fazer uma certa revisão da carreira toda. Existe essa tradição de acústicos, como do Gil, dos Titãs, do Ira, enfim, a gente percebe que é uma oportunidade de fazer uma síntese de carreira enquanto repertório, ao mesmo tempo com essa possibilidade de reler as canções em outro formato, com outra instrumentação e outras características que o acústico oferece.

Então comecei escolhendo as canções de algumas frentes que eu acho representativas da carreira: Os Titãs, algo dos Tribalistas, algo de cada uma das fases da carreira solo… Vi uma oportunidade de reler algumas canções minhas que foram gravadas por outros intérpretes e queria também pôr algumas canções inéditas.

Fui selecionando um grande número de músicas pra depois ir depurando e eliminando, também seguindo um pouco o meu desejo pessoal de cantar algumas canções, mas também pensando que teria que equilibrar coisas mais conhecidas com coisas menos conhecidas da obra. Chegou uma hora em que comecei a pedir sugestões e opiniões dos músicos da banda… O Liminha, que produziu, queria que eles também participassem do processo. Algumas coisas a gente só decidiu durante o processo, várias dúvidas que eu tinha, que música funcionaria melhor, e aí dependendo do resultado do arranjo eu ia chegando nas escolhas.

CULT – Como foi voltar aos palcos do acústico MTV 15 anos após sua participação no acústico dos Titãs?

Olha, foi muito diferente. Na época dos acústicos dos Titãs eu já tinha saído da banda e foi uma participação especial. Agora é um projeto meu mesmo. Na época, eu era um convidado cantando “O Pulso”, mas foi um momento muito bacana porque, desde que eu tinha saído da banda até aquele momento, eu nunca tinha reencontrado eles no palco. Foi a primeira vez que a gente esteve junto outra vez no palco desde a minha saída. Teve toda uma emoção.

Depois disso, participei já de outros projetos junto com eles, participei de alguns shows da que fizeram com Os Paralamas.  Agora, é muito diferente por isso, esse agora é um projeto meu mesmo que tive de me dedicar, conceber e pensar. Mas acho o formato muito bacana. Eu adorei poder fazer agora porque é um projeto que eu sempre gostei, não só dos brasileiros mas o acústico do Nirvana, por exemplo, é ótimo.

CULT – Além das músicas do DVD, outro atrativo é o cenário, que permite uma interação mais próxima entre um integrante e outro. Existe uma combinação de luzes, ornamentos e o palco giratório, que lembra um carrossel musical. Esse apuro na composição foi influência sua? Como isso se relaciona com a apresentação?

É essa a ideia mesmo, um carrossel, tem até os cavalos… Lembra uma caixinha de música. A minha ideia foi fazer um palco redondo com o publico ao redor da gente. Eu queria que essa situação de tocar em ensaio, a gente se olhando, em círculos, fosse recriada ao vivo, pois geralmente ensaiamos com uma cumplicidade muito legal.

No palco geralmente não ficamos todos de frente pro público, mas a gente mesmo não tá se vendo um ao outro. Eu queria recriar esse espírito do ensaio e aí pensei num palco circular que tivesse o público em 360 graus em volta da gente.

É uma situação difícil de conciliar, porque você vai estar sempre de frente para uma parte do público e de costas para outra. Aí eu tive essa ideia de ser giratório.

CULT – O repertório vem de diversas fases da sua carreira; tanto dos Titãs, como com Os Tribalistas e a trajetória solo. Há músicas inéditas?

Tem duas canções inéditas, que é “Ligado a você”, uma parceria com Paulo Miklos e Liminha, e tem “Dentro de um sonho”, que é uma parceria com Márcio Xavier. Essas duas são inéditas. E tem coisas que eram inéditas na minha voz, como uma música que eu canto chamada “Pop Zen”, que não é minha, foi gravada por uma banda chamada Lampirônico, que acabou. Mas é uma música de que gosto muito e quis incluir nesse repertório.  E tem coisas que eu compus e nunca tinha cantado, como “De mais ninguém” e “Alma”, gravadas por outros intérpretes, no caso pela Marisa [Monte] e pela Zélia [Duncan].

CULT – E quais serão os passos da turnê, após o acústico?

A turnê começa nesta semana. Vamos botar este show na estrada. Não vai ser, claro, com a mesma estrutura de palco giratório e palco circular, porque é difícil ter as situações parecidas com aquela em que gravamos, mas é uma adaptação do mesmo cenário para funcionar em todo o tipo de palco.

CULT – Além de compor músicas, você também escreveu poesia publicando alguns títulos e expondo, junto de outros nomes, numa mostra em São Paulo neste ano dedicada à poesia visual. Quais são as grandes diferenças nesse processo de criação, em que pontos a criação musical se difere e se assemelha à criação poética?

Sem dúvida tem diferenças, em termos de linguagem, mas tem uma intersecção grande também que é o trabalho com a palavra em si né. É como se a palavra me levasse para diferentes linguagens, tanto da visualidade quanto pra canção. Então acaba tendo um trânsito de informação entre uma área e outra por conta desse território comum aí.

CULT –  Como se a palavra tomasse forma?

Como se a palavra fosse um trampolim, de onde eu me aventuro em direção a outras linguagens.

Confira a agenda completa da turnê em: http://www.arnaldoantunes.com.br/sec_agenda.php

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