Apresentação

Apresentação
O escritor Mário de Andrade, em foto de 1938 (Benedito Junqueira Duarte)
  Os pardos voltaram a ser tema das manchetes dos jornais. Desta vez, não mais nas páginas policiais, e sim nos cadernos de educação. Como matéria de diversas polêmicas envolvendo as classificações raciais brasileiras e as ações afirmativas nas universidades, a figura do pardo volta a mexer com a sensibilidade dos brasileiros. Torna-se assunto de boteco e anima conversas em grupos de WhatsApp, torna-se roteiro para filmes, tema de congressos, artigos na imprensa, e até formam numerosas comunidades nas redes sociais. Na verdade, os pardos voltam ao posto de onde nunca saíram: o lugar da suspeição. Ou seja, o lugar-comum das pessoas racializadas neste país. Com isso, trazemos para o palco a temática das classificações raciais, jogando holofotes para os pardos. Esse movimento é também uma forma de se haver com tensões, dilemas e transformações do Brasil. A bem dizer, novos e velhos problemas se reen­contram. Nossa história é repleta de debates públicos que revelam a cor ou a raça dos brasileiros como marcadores de lugares sociais. Boas respostas não faltaram da literatura à produção científica. Certa vez, Mário de Andrade escreveu em tom autobiográfico: “Se qualquer de nós, brasileiros, se zanga com alguém de cor duvidosa e quer insultá-lo, é frequente chamar-lhe: negro! Eu mesmo já tive que suportar esse possível insulto em minhas lutas artísticas, mas parece que ele não foi lá muito convincente nem conseguiu me destruir ”. Décadas antes, Luiz Gama, em um de seus poemas satíricos, enfrentou a mesma questão. Aos

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