Apresentação

Apresentação
Detalhe da escultura David (1504), de Michelangelo Buonarroti (Wikimedia Commons)
  Dentre os conceitos controversos da psicanálise, o falo talvez seja o mais popular. Muito disso se deve às vozes do movimento feminista e aos estudos de gênero. Se para a psicanálise o falo é um conceito maior – a partir do qual a diferença sexual se implementa –, filiá-lo ao pênis daria ao homem um status superior. Dessa maneira, interpretado como peça-chave da engrenagem que põe o patriarcado em marcha, sua derrocada faria parte da estratégia em prol de transformações sociais – só assim as mulheres poderiam, finalmente, se livrar das relações de submissão impostas pelo machismo estrutural. Dessa racionalidade se presume que o falo ou seria o pênis, ou faria as vezes de um simulacro atado, eterna e inabalavelmente, ao órgão sexual masculino. Porém, frente a essa leitura, algumas perguntas devem ser postas: o falo sempre foi entendido nesses termos? Sua dimensão natural seria instrumentalizar as relações de poder entre os gêneros, ou essa noção se presta a compreensões diversas, ligadas a outras funções, justamente por não ter “natureza” nenhuma? Teríamos, assim, um conceito em disputa, que mobiliza diferentes políticas. Se encarado como símbolo de força ou indicativo de valor, o falo se vincularia intimamente ao apagamento do feminino. No entanto, uma leitura culturalista de tal espécie desconsideraria todo seu substrato transcendental como significante primordial da maquinaria formal da linguagem. As respostas a essa disputa são múltiplas e divergentes; por isso mesmo, uma postura epistemológica que tomasse o f

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