Privado: Apocalipse ontem

Privado: Apocalipse ontem
Esther Hamburger Doutora em filosofia, professora da Universidade Mackenzie e até o ano passado participante do programa Saia Justa, do canal pago GNT, a colunista da CULT Marcia Tiburi está lançando dois livros. Filosofia Pop, Poder e Biopoder traz uma seleção de colunas da autora na revista, exemplos de um estilo nomeado sem maiores explicações já no título. E Olho de Vidro busca na forma ensaística a liberdade para refletir sobre a televisão sem amarras ideológicas, teóricas ou partidárias. Em 1964, Umberto Eco publicou Apocalípticos e Integrados, em que sistematiza o debate sobre a indústria cultural e o faz avançar para além do jogo simplista de soma zero em que na maior parte das vezes recai. O esforço do que ela chama, sem muita preocupação em definir, de “filosofia pop” vai no mesmo sentido. Simpatizo com o esforço da filósofa, que, após ter escrito duas teses sobre Adorno, resolve se aventurar no filosofar sobre a televisão, esse patinho feio da comunicação que mantém com a academia uma relação intensa de amor e ódio. No longo prefácio a Olho de Vidro, a autora gaúcha procura situar suas bem-vindas inquietações e a perspectiva com base na qual vai falar sobre TV: a de quem não a vê sistematicamente, a de quem não leva em conta a programação, mas a de quem também é participante de um programa. Essa posição assume as ambiguidades que transpiram no texto – especialmente no contraste entre o prefácio e o corpo do trabalho. Desde logo o ensaio procura limpar arestas declarando a admiração pela bib

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