Antropologia digital

Antropologia digital
A antropologia digital ou ciborgue parte da ideia de que a vida humana hoje deriva de produtos humanos e não humanos (Arte Andreia Freire)
  A antropologia é uma ciência que se construiu a partir da ideia de que se poderia tornar o ser humano um objeto da ciência. Esse complexo objeto nos faz saber que estudar é uma coisa, mas que compreender é outra bem diferente. A questão antropológica é filosófica e está na base de todas as ciências humanas. O termo anthropos de origem grega, que significa exatamente “ser humano”, nos põe em contato com a complexidade irredutível à ideia de uma espécie. Antigamente, era traduzido por “homem”, como se o universal masculino resolvesse o problema. Hoje é antiquado falar “homem” para definir o ser humano genérico composto da diversidade humana. Antropólogos já abriram caminho para pensar que outras espécies também são “humanas” para si mesmas. Noutra linha, talvez seja igualmente antiquado usar a palavra “logos” com seu velho significado de razão. Em uma época obscurantista e irracional como a nossa, falar de conhecimento também pode ser estranho. Além disso, a ironia de fundo dessa questão pode ser perdida com facilidade. Mesmo assim, as ciências costumam surgir em todas as épocas, e talvez mais ainda em momentos nos quais esforços de compreensão nos encaminham a confiar na razão, na análise, na crítica, em vez de entrarmos na primeira igreja que há na esquina. O que se chamou de “razão” na história da filosofia nada mais é do que uma faculdade que existe apenas na esperança de filósofos. A análise e a crítica são procedimentos que surgem dessa esperança de que, compreendendo um fenômeno,

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