André Singer: Torço pela retomada da democracia no Brasil
André Singer: 'A redução da distância entre as classes revelou uma amor pela desigualdade no Brasil' (Foto Renato Parada)
Para o cientista político André Vitor Singer, professor livre-docente da Universidade de São Paulo, explicar a passagem do “sonho rooseveltiano” de erradicação da miséria e diminuição das desigualdades, vislumbrado por Dilma Rousseff no discurso de posse de seu primeiro mandato (2011-2014), à sucessão de crises que culminaram no impeachment da presidente em 2016 é como montar um quebra-cabeça. “A quantidade de eventos e de cruzamentos inesperados de atores, ações e processos é infinita”, afirma. “Mas o meu esforço é o de oferecer elementos que poderiam levar a uma formulação teórica”, capaz de associar a presente crise política a características mais profundas dos sistemas político e partidário nacionais.
Em um dia repleto de eventos relacionados ao estado de crise permanente que tomou conta do país – a prisão do ex-senador e ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) e a intensificação da greve dos caminhoneiros – André Singer recebeu a Revista CULT para uma conversa sobre O lulismo em crise: um quebra-cabeça do período Dilma (2011-2016) (Companhia das Letras, 2018), livro que reúne artigos publicados ao longo dos últimos cinco anos e material de pesquisa inédito.
CULT - Qual a tese central de O lulismo em crise?
André Singer - A tese é que o processo de impeachment remete, como uma recorrência histórica no Brasil, ao golpe de 1964. Claro que há diferenças entre um caso e outro. A mais importante é que em 2016 houve um golpe parlamentar, enquanto em 1964 houve um golpe de Estado. No “
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