Amor não é um sentimento

Amor não é um sentimento
Tela “As amigas” (1917), de Gustav Klimt (Reprodução)
  É quase um roteiro: basta a palavra “monogamia”, sua contraposta “não monogamia” ou suas variantes “poligamia”, “poliamor” etc. serem mencionadas que em pouco tempo estaremos diante de perguntas sobre a natureza humana e até mesmo animal. Defensores da ordem corrente dirão que a monogamia é natural; seus opositores dirão que as formas de relacionamentos múltiplos é que são naturais. O que escapa a esses diálogos ou tentativas de convencimento é que nenhum tipo de relação é natural, no sentido de que nenhum deles vem da biologia, nenhum é inerente ao ser humano. Não existe corpo humano puramente biológico, nem biologia humana sem cultura e história, sem essa dimensão, nem essa dimensão por si mesma, independente dos corpos. Esse tipo de separação evidenciado na rusga “natureza/cultura” raramente condiz com a realidade concreta. As sociedades humanas são o único produto da natureza que organiza de forma normativa, com regras, o tesão. É isso que a não monogamia toma para questionar a Monogamia – assim, maiúscula, anunciada como sistema de normas, práticas, ideias, e não apenas ao tipo de combinado que rege este ou aquele relacionamento sexoafetivo. Falar de monogamia ou não monogamia, poligamia, afetos, relações, famílias, namoros, casamentos, amor, é falar em sistemas de parentesco e em como as sociedades organizam simbolicamente o parentesco, a sexualidade, o casamento (o que implica também em como organizam a circulação de bens simbólicos e materiais e o compartilhamento de riqueza, entre outras c

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