Adolescência e apagamento da dimensão alteritária: da dor à política
(Foto: Wellcome Collection)
Em vários momentos de sua obra, Freud menciona, de modos mais ou menos explícitos, a função da escola como espaço de inscrição social onde a criança e o adolescente devem poder dizer a que vieram à vida, dar provas de suas dignidades humanas e de seus trabalhos de conquista de um lugar na história que já está em curso, que os precede e onde eles devem se incluir.
Convocado a falar em uma reunião da Sociedade Psicanalítica de Viena em 1910, por ocasião de uma discussão acerca do suicídio de um jovem estudante, Freud afirma que a escola deve dar aos sujeitos o “desejo de viver” e o amparo nessa época da vida em que são compelidos a afrouxarem seus vínculos familiares. Porém, nessa mesma ocasião, Freud também aponta para o risco de a escola fracassar nessa missão. Para isso, seria preciso não perder de vista o lugar da escola como um espaço cuja função esteja para além do ensino dos conhecimentos, mas onde se entenda que o educar é transmitir marcas de pertencimento que permitam ao sujeito conquistar – pela via de um trabalho psíquico – um lugar de enunciação em nome próprio nessa história que se desenrola no campo da cultura e do laço social. A escola, portanto, deveria ser um lugar de construção de laços com a vida, com o Outro da cultura, com os outros, e também com o saber, o que permite que o sujeito encontre para si um lugar na cidade, no laço e na história social, a partir das inúmeras possibilidades que o encontro com a alteridade pode suscitar.
A educação deve, portanto, propiciar ao sujeito a inser
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