Acordes de inverno
Marília Kodic
Considerado o maior festival de música clássica do país, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão – realizado desde 1970 pelo Ministério da Cultura e pelo Governo do Estado de São Paulo – promove, anualmente, apresentações de música erudita a preços populares, além de selecionar alunos bolsistas para oficinas durante o evento. Neste ano, a programação foi reduzida de 80 para 55 atrações em relação à edição de 2010, e o circuito estendido para outras cinco cidades paulistas. Confira a seguir o que não pode perder – e os pontos falhos – da programação, segundo a crítica.
SIDNEY MOLINA, crítico de música da Folha de S.Paulo
VAI BEM
1. Het Collectief: A obra de Arnold Schönberg, raramente apresentada no Brasil, traz diversas inovações, incluindo um modo original de canto falado, e inaugura uma nova era na música.
2. Pinchas Zukerman: É referência para violinistas das novas gerações e interagiu muitíssimo bem com a Osesp na temporada passada. O fato de solar o difícil concerto de Beethoven e ao mesmo tempo reger é um destaque a mais.
3. Orquestra do Festival: É um dos momentos mais aguardados do evento, pois os bolsistas trabalham durante várias semanas. O programa é bastante interessante e apropriado, e o regente convidado [José Feghali] dispensa apresentações.
VAI MAL
1. Considerando a importância que o violão brasileiro tem no cenário internacional e o nível dos alunos que emergem das diversas escolas do país, a participação do instrumento poderia ser muito mais representativa.
2. O festival diminuiu de tamanho, e a seleção dos bolsistas, feita apenas por meio de vídeos postados no YouTube, parece ter sido mais apressada do que no ano passado.
NELSON KUNZE, editor da revista Concerto
VAI BEM
1. Orquestra do Festival: Todos os anos, o resultado do trabalho tem sido muito bom. O repertório terá uma homenagem ao compositor Almeida Prado, ?recentemente falecido.
2. Filarmônica de Minas Gerais: É uma das principais do país, e teremos a oportunidade de ouvir a soprano Adriane Queiroz, que faz importante carreira na Europa. Juntos farão um programa muito bonito.
3. Het Collectief: O repertório é muito especial. Pierrot Lunaire, de Arnold Schönberg, uma das obras-chave da música moderna. Completam o programa obras muito diferentes entre si, mas cada uma com uma beleza e história próprias.
VAI MAL
1. O governo já nem fala mais dos novos alojamentos para os bolsistas, que no ano passado foram apresentados como grande investimento para a parte pedagógica. Será que isso é sinal de que o festival deixou de ser prioridade de sua ação cultural?
2. O festival foi reduzido, tanto em número de atrações (de mais de 80 para 55) quanto na duração.
WALTER LOURENÇÃO, regente
VAI BEM
1. Orquestra Petrobras Sinfônica: Acho interessante, pois vem da iniciativa privada, e tem um grande maestro, que é o Isaac Karabtchevsky.
2. Orquestra Sinfônica Municipal: Assisti ao concerto de reinauguração do Teatro Municipal, conduzido pelo Abel Rocha, regente da orquestra, que foi notável.
3. Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto: A orquestra tem um grande regente, o Cláudio Cruz; acho que vai ser muito bom.
VAI MAL
1. Não é produzido nada a longo prazo com os habitantes de Campos do Jordão, apenas ações pontuais. Seria lógico ter um curso que durasse um ano inteiro.
Onde: Campos do Jordão, São Paulo, Piracicaba, Jundiaí, Santos e Santo André (SP)
Quando: 1 a 24/7
Quanto: até R$ 100
Info.: (11) 3221-7326, www.festivalcamposdojordao.org.br