Depois das eleições, a vida continuará. Qual é o seu plano?

Depois das eleições, a vida continuará. Qual é o seu plano?
(Foto: Arte Revista Cult)

 

Lugar de fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de novembro de 2020 é “eleições”.


No dia 3 de novembro vivemos um momento que observadores interessados de todo o mundo esperam há algum tempo: as eleições americanas. Por mais de um ano temos nos referido a elas pela sua data, como o 11 de setembro nos Estados Unidos ou 7 de julho no Reino Unido. Foi um dia em que prendemos a respiração, pensamos, nos preocupamos, especulamos.

No Brasil não é diferente. Tanto as eleições presidenciais, daqui a dois anos, quanto as municipais, realizadas agora, geram desconfiança, disputa, diferentes lados e polarização. Pessoas temendo pelo seu futuro e o dos seus iguais. O agora está aqui. E então? Ninguém pode dizer quais serão os resultados de todas as eleições, mas temos a certeza de uma coisa: amanhã o sol nascerá. A vida continuará.

Além disso, há um espectro de possibilidades: Trump e Bolsonaro podem ser reeleitos, podem perder uma disputa acirrada, contestar os resultados ou se recusar a deixar o cargo, mergulhando os países em crises constitucionais. Agitadores de grupos extremistas de ambos os lados do espectro político podem se revoltar e lutar nas ruas, líderes mundiais podem explorar o caos. Pode haver meses de incerteza. Independentemente das eleições, 2020 pode ter outra surpresa reservada – como se uma pandemia, furacões, vespas assassinas, óvnis e queimadas não fossem suficientes. A pergunta que os estoicos fazem, como sempre, é: o que você vai fazer? Qual é o seu plano?

Você tem que ter um. Não pode simplesmente improvisar. Você não pode esperar saber o que fazer se nunca pensou nisso. Como disse Sêneca, todos os termos da sorte humana devem estar diante de nossos olhos. Mesmo os ruins. Principalmente os ruins. Então, quem quer que você seja – um senador, um estudante do ensino médio tendo aulas remotas, um idoso ou um cidadão preocupado – e o que quer que esteja fazendo, pare um minuto para pensar sobre a gama de possibilidades que os próximos dias podem trazer.

O objetivo deste exercício não é se preocupar, mas sim preparar-se, reafirmar seus princípios e traçar um plano de como você reagirá ao que o destino colocou à sua frente. É o golpe inesperado que nos atinge mais fortemente, os estoicos nos lembram. Não deixe o desagradável ou o improvável banir um resultado potencial de sua mente. Reflita sobre eles.

Pense em quais serão as respostas certas. Considere suas obrigações e deveres. Antecipe as emoções que você provavelmente sentirá, antecipe como evitar ser dominado por elas – sejam elas uma adulação triunfante, uma raiva justa ou algo entre os dois. E então, como um estoico – Catão encontrando César ou Stockdale caindo de paraquedas em uma prisão indefinida -, esteja pronto para cumprir suas responsabilidades como um herói. O que o amanhã trará, seja algo maior ou menor, é para isso que você está treinando. Responder ao que a vida joga em nós, é disso que trata esta filosofia.

Lucas Casemiro Brizon, 23,
é professor de Filosofia em
São José dos Campos – SP.

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