A verdade da arte provém do real

A verdade da arte provém do real
O artista Giuseppe Penone, 1970 (Divulgação)
  Arrisquemos uma afirmação que possa soar demasiadamente peremptória: não há propriamente qualquer teoria psicanalítica da obra de arte. O programa de exame racional e metódico da experiência estética é aquele que, justamente, a psicanálise demonstra não poder cumprir-se integralmente. Pois que as verdades da arte, como toda e qualquer verdade, diria Lacan em Televisão, “provêm do real”. Real que se pode compreender como um ponto de opacidade e indeterminação que imanta e coloniza todo universo fenomenal e discursivo. Nossa proposição não anula, todavia, um amplo espectro de reflexões, análises e exames de obras e de procedimentos artísticos que compartilham com a psicanálise uma suposição de saber no real, ou efeitos de expressão dos sentidos e dos sentimentos que são colmatados em objetos sensíveis. A obra de arte, assim como o sujeito que deslinda suas narrativas sobre um divã, dá evidências de que a expressão das formas humanas − para tomar de empréstimo a expressão de Jacques Rancière em O destino das imagens − “não caminham sem as palavras que as instalam na visibilidade”. Alguns artistas assim o demonstram sublimemente. O artista italiano Giuseppe Penone vem realizando, desde a segunda metade dos anos 1960, uma das mais instigantes produções da escultura contemporânea. Tendo sido membro da Arte Povera, movimento fomentado pelas principais galerias de Turim, Paris e Nova York, Penone não se obrigou a filiar-se nem à desordem própria ao movimento Informal dos anos 1950, nem à ordem a que foi reduzido o

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