A reconstrução do olhar autoral

A reconstrução do olhar autoral
O cineasta francês François Truffaut (Divulgação)
  A primeira vez que François Truffaut entrou num set de filmagem, para filmar o curta Une visite (1955), houve certo constrangimento geral quando se percebeu que o diretor do filme se confundia com o que era o quê na parafernália de filmagem. Desconhecer todo o lado técnico do cinema não o impediu de se tornar um dos maiores diretores da história do cinema francês e fundador da Nouvelle Vague, o movimento cinematográfico mais charmoso e plural até hoje. Há exatos trinta anos, o cinema perdia precocemente François Truffaut, que morreu aos cinquenta e dois anos no dia 21 de outubro, domingo, num hospital francês, após ser diagnosticado com um tumor no cérebro. A data vem sendo lembrada em diversos lugares do mundo com mostras dos grandes filmes do diretor, bem como debates. Truffaut nunca escondeu ter começado a carreira desconhecendo totalmente o lado prático e técnico do cinema. Ao contrário, tinha até certo orgulho disso. Filho de Janine de Monteferrand e adotado por Roland Truffaut, de quem recebeu o sobrenome, passou a infância com babás e a avó, pois a mãe e o padrasto tinham uma relação instável com o garoto. Arteiro e respondão, Truffaut passava grande parte dos dias com amigos, pois detestava voltar para casa. Quando assistiu ao filme Paraíso perdido (1940), de Abel Gance, ficou obcecado pelo cinema, devorando filmes e livros e mal frequentando a escola. Na adolescência, tinha como meta assistir a três filmes por dia e ler três livros por semana. Começou a frequentar cinematecas e, em 1948, fundou um cineclube, quando co

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