A Paris beatnik de William Burroughs e Allen Ginsberg
O "Hotel sem nome", onde a geração beat se reunia em Paris nos anos 1960 (Foto: Harold Chapman)
Correm os anos 50. O radar da geração beat capta tudo o que é contrário à normalidade. O grupo que nos EUA milita entre Nova York, São Francisco e Carolina do Norte inferniza os adeptos da american way of life. Nômades, para alegria de quem quer vê-los à distância, viajam pelo mundo. Na França, onde escrevem parte de sua produção, escolhem um hotel sem nome, sem regras e, sobretudo, sem moralismo para montar seu quartel-general.
Assim, o epicentro do movimento, William Burroughs, Allen Ginsberg, Gregory Corso e mais um grupo de artistas plásticos, cineastas, fotógrafos e jornalistas chegam à rua Gîtle-Coeur, no quartier latin, não longe da delegacia de polícia, e se instalam no "Hotel Sem Nome", como foi batizado por Brion Gysin, militante beat, poeta e pintor americano.
Muitos anos antes das manifestações de maio de 68, os visionários beatniks, mistura da palavra beat (movimento) com Sputnik (espaçonave russa), decretam "é proibido proibir". No "Hotel Sem Nome", praticamente tudo é possível. A torre de Babel de idiomas, inventividade, transgressão e loucura muitas vezes é embalada pela marijuana.
Consciente de que pedras que não rolam criam musgo, o grupo adota o nomadismo. Em Paris, movimenta a rive gauche, criando um dos últimos redutos autenticamente boêmios da década de 50, que gravita entre as boates da rua Huchette, onde se ouve o melhor jazz de New Orleans, o café Saint-Michel, local preferido para se discutir textos, e o Le Royal, situado em pleno Saint Germain, frequentado pela "fauna" local animada especialment
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »