A nova manipulação
(Foto: Halle-Caccioppoli)
Há uma velha questão que devemos levar a sério em tempos de decadência das ideias e triunfo da ignorância: o ser humano é o que ele faz. A importância do ser relacionado ao fazer é o nexo que nos cabe analisar. O ser que somos é um problema que ainda importa a muitas pessoas num contexto em que se transformar em robô ou escravo voluntário dos poderes mais diversos não tem impacto algum na inconsciência generalizada.
Ao refletir sobre o que somos como sendo o que fazemos, nós nos confrontamos com a alegria e a dor, a promessa e o perigo da ação para nossa constituição.
Em termos de filosofia tradicional, trata-se do tema da “ontologia” como o estudo do ser. Já na filosofia grega encontramos o tema do “conhecer-se a si mesmo” e do “tornar-se quem se é”, que chegam até o pensamento contemporâneo. Por meio dessas questões, a ontologia já se inscreve como tema da ética, na qual “o que somos” implica imediatamente a questão do que podemos ser. O que podemos ser, ou seja, nossa potência de ser, é algo que nunca está dado. Isso depende do que fazemos e, nesse caso, também do que fazemos com o ser que somos, com nosso corpo encarnado, um corpo que é também linguagem e nos coloca no mundo como seres materiais e históricos, assim como seres espirituais e sensíveis.
O que é a ação? É o que fazemos com nosso corpo e nossa linguagem. Atos são físicos, mas também são linguísticos. Há atos que são gestos, há atos que são falas. Os próprios discursos que emitimos são “atos de fala”, como demonstrou o fil
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