A Exceção pensada

A Exceção pensada
(Foto: Marcus Steinmeyer)
      Poderíamos dizer que Paulo Arantes é um pensador do mundo contemporâneo em crise – caso o próprio autor não julgasse que “crise” é um conceito envelhecido. Como assim? Justamente em uma época em que há crises por todos os lados, isso sem mencionar a crise fundamental de valorização do capital que se arrasta já por mais de quatro décadas e que, de forma definitiva, arrancou o chão do horizonte progressista da modernização, que por sua vez ocorre agora somente de modo simulado e estruturalmente provisório? Pois então, como ele mesmo diz em uma entrevista a Maurílio Botelho e Marcos Barreira na revista Sinal de menos, em 2015, logo após a publicação de O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a era da emergência, o conceito de crise, em sentido enfático, pouco significa no momento em que “Presente e Crise parecem formar um bloco só”. Paulo Arantes não é, portanto, um teórico da crise – mas podemos dizer que é um teórico da exceção. Ocorre que, ao trocar um conceito pelo outro, o problema só está aparentemente resolvido: se por um lado a crise, que é por excelência instante e momento de decisão, parece se tornar inseparável de um presente contínuo e “indecidido”, o que de certo modo anula a própria noção de crise tal como ela se constitui na modernidade, por outro lado a exceção, na medida em que ela se normaliza, também é “negada” como exceção: a ideia de exceção normal é, tal como a noção de crise permanente, um contrassenso lógico, uma contradição em termos. No entan

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