Vivências, saberes e conhecimento: a construção da empatia 

Vivências, saberes e conhecimento: a construção da empatia 
(Arte Revista CULT)

 

Por Gisele Souza Gonçalves

Nesse momento em que a universidade tem sido alvo de situações ameaçadoras para tudo que ela representa, penso ser válido um relato sobre o tema empatia no campo universitário. Para muitos, o espaço universitário pode representar doutrinação, balbúrdia e por aí seguem as impressões; para outros, um lugar de produção, prazos, seminários, aprendizado, hierarquias e segue a lista.

Para mim, ela é sim um espaço de produção científica, prazos a serem respeitados – os quais ocasionam tensões e ansiedades – orientações, leituras, compreensão e construção. Para além disso, sobretudo, a universidade sempre teve uma impressão muito positiva porque foi lá – e ainda é lá – que me faço e me refaço, depois desfaço alguns preconceitos e reconstruo outras percepções.

Foi na universidade que fui entendida por colegas, ouvida por professores e também onde pude ouvir outros sujeitos. Foi nesse ambiente que aprendi sobre alteridade, sobre diferentes vivências e assim reformulei as minhas percepções.

A empatia que construo aqui, dentro de mim, tem sua origem em minhas experiências, leituras, encontros e conflitos, mas sobretudo, no campo universitário que aprendi a rever tudo isso. Histórias, relatos, ciência, pesquisa, extensão, livros e diálogos variados estiveram e ainda estão nesse ambiente diverso e rico humanamente que é a universidade, a qual oferece um mundo de vivências que favorecem a empatia.

Foi na graduação que me incentivaram a continuar estudando, foi lá que professores acreditaram em mim mais do que eu mesma. Foi na universidade que percebi o quanto eu era incompressível com aquilo que era diferente de mim, mas foram as reflexões ocasionadas pela minha permanência e vivência em outros espaços decorrentes da graduação e pós-graduação que me fazem perceber o quanto eu preciso compreender o outro a partir de sua realidade e não da minha.

Na universidade fui acolhida por meio de conversas e incentivo. Foi a extensão que me deu a oportunidade de ver outros mundos diferentes do meu e nem por isso menos importantes para a sociedade e a produção cultural da história.

Cada passo da minha vida, depois do ingresso na universidade, foi sempre compartilhado com professores e colegas, que mesmo não estando diariamente comigo ou vivendo nos espaços em que frequento, deixaram uma parte de si em meu aprendizado e favoreceram a construção de alguém que sabe o quanto precisa crescer como sujeito social, cognitivo e cultura para além de minhas impressões mais superficiais. E é nesse espaço amplo, diverso e culturalmente significativo que percebo entre seus sujeitos – eu me faço um deles – exercícios diários de empatia.

Gisele Souza Gonçalves, 36 anos, professora e doutoranda em Foz do Iguaçu, Paraná

 

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