Privado: A biografia de Bob

Privado: A biografia de Bob
O cantor folk Bob Dylan Marcia Tiburi Mais do que motivo de festa para os fãs, os 70 anos de Bob Dylan, completados neste ano, fazem a ocasião para avaliar o sentido de uma vida como biografia. Não me refiro à biografia como peça de mercado, seja na forma de livro, seja na de audiovisual (os fãs podem se emocionar lendo e assistindo ao disponível nas melhores lojas), mas à biografia como aquilo que, da vida, constitui o que pode ou merece ser contado. Biografia significaria a chance de algo para contar em tempos de morte da narrativa sobre alguém ou sobre si mesmo. De que é feita essa narrativa? O que nos diz uma vida que pode ser narrada quando a produção industrial da tagarelice, do dizer vazio de quem muitas vezes ainda nem viveu, extermina o sentido de uma vida que pode ser contada? A desvalorização do que, ao ser vivido, poderia constituir um sincero testemunho para quem não sabe muito da vida desaparece diante do endeusamento de quem fala demais sem ter nada a dizer. Pode parecer trocadilho, mas é fato que a desvalorização das histórias de vida – inclusive pela valorização das histórias sem vida e das vidas sem história – que mesmo assim são contadas corresponde a uma desvalorização da vida como história. Dylan – o artista cujas canções em grande medida são, elas mesmas, narrativas – é um bom exemplo para pensar no caráter fundamental da biografia como modelo de vida. Não como curiosidade, cuja versão decadente é a fofoca, nem como mero paradigma a ser imitado por aqueles que não descobrem a si mesmos, mas como c

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Novembro

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