Keynes, a avareza e o “amor ao dinheiro”

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Keynes, a avareza e o “amor ao dinheiro”
O economista britânico John Maynard Keynes (Wikimedia Commons)
  “Vejo-nos livres para voltar a alguns dos mais seguros e tradicionais princípios da religião e da virtude tradicional – de que a avareza é um vício, a usura uma contravenção, o amor ao dinheiro algo detestável.” “Valorizemos novamente os fins acima dos meios e preferiremos o bem ao útil. Honraremos os que nos ensinam a passar virtuosamente e bem a hora e o dia, as pessoas agradáveis capazes de ter um prazer direto nas coisas, os lírios do campo que não mourejam nem fiam.” J. M. Keynes, “Possibilidades econômicas para nossos netos” Autor de três volumes sobre a vida e a obra do célebre economista John Maynard Keynes, Robert Skidelsky entregou à praça o livro Keynes: The Return of the Master . Na obra, que é um ensaio, Skidelsky nos apresenta um Keynes mais revolucionário e inovador do que aquele revelado em sua alentada biografia em três volumes. A transfiguração do economista defunto nas mãos de seu biógrafo mais badalado coincide com a derrocada intelectual da teoria econômica dominante nas últimas quatro décadas. Os assim chamados “economistas clássicos”, de Alfred Marshall a Arthur Cecil Pigou, criticados por Keynes em tantas oca­siões, eram tão razoáveis quanto modestos, se comparados aos desatinos “científicos” cometidos desde os anos 1970 pelos figurões da Teoria Econômica. A escola Nova Clássica, por exemplo, levou ao paroxismo, para não dizer ao ridículo, as hipóteses construídas a partir do agente racional e da tendência ao reequilíbrio “espontâneo” dos mercados. Na concepção dos novos e

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