Como nos tornamos uma sociedade punitiva?

Como nos tornamos uma sociedade punitiva?
(Foto: Divulgação/CMF)
  O retrato 3x4 de A sociedade punitiva Na vasta obra de Michel Foucault, “A sociedade punitiva” é o curso no qual mais diretamente vemos a correlação entre capitalismo, política, desigualdade social, punição, exclusão, racionalidade burocrática tramada com relações de poder sob finalidades governamentais, lutas e resistências populares. Articulando tais noções, seu intuito foi o de sustentar, em tintas espaçadas, que a constituição do Ocidente, como sociedade punitiva, trouxe toneladas de influência à vida cotidiana, marcando em profundidade a trivialidade da reclusão penal, majoritariamente destinada aos pobres; a banalização do encarceramento como medida de Procusto para toda ordem e progresso; e, não menos importante, a contenção jurisprudenciada de todos os que se insinuam como ameaça aos arranjos sociais garantidores dos processos econômicos. Ao menos duas linhas de forças se apresentam como fundamentais. A primeira é o fato de Foucault perceber que a prisão, como penalidade que se universalizou e originou o sistema penitenciário, nasceu como uma espécie de disfunção em relação às teorias penais modernas e às correlatas, propostas pelos reformadores penais do século 18. O problema histórico se forma: a defasagem entre a complexidade punitiva dos reformadores e o fato de a prisão universalizar-se como forma punitiva delineava um enigma histórico. Afinal, como a prisão teria se convertido em “constante antropológica”? A segunda linha de força concentra-se justamente no desenvolvimento da prova histórica dessa

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