A liberdade eu conquisto dentro de mim
(Foto: Reprodução Banksy/ Arte Revista Cult)
Lugar de fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de outubro de 2020 é “liberdade”.
Algum tempo atrás eu refletia sobre como tinha sido viver tanto tempo preso ao que as pessoas achavam que eu precisava ser para de fato me sentir amado e acolhido.
Sou uma bixa preta gorda do subúrbio do Rio de Janeiro, umbandista e cotista de uma universidade pública. A liberdade para mim às vezes parece distante, mas ao mesmo tempo é algo que cura. Ser quem sou não é fácil, mas é libertador.
Vivo no país que a cada 23 minutos mata uma pessoa negra, no país que mais mata pessoas LGBTQIA+ e que tem uma total intolerância religiosa. Essa jornada da liberdade é uma tripla para mim.
Sinto os olhares dos seguranças quando entro em uma loja, sinto o desprezo das pessoas quando abro a boca e minha sexualidade fica mais evidente, sinto o espanto quando estou exercendo a minha fé nas encruzilhadas.
A liberdade para mim tem sido um processo interno, em que me desprendo todos os dias dos meus medos, angústias e rejeições.
Entender que mesmo que eu não seja aceito em muitos espaços, posso ser livre dentro de mim.
Dessa forma a vida se torna mais leve pra mim. Quando me olho no espelho e a minha imagem reflete, lembro quem eu devo amar e qual opinião mais importa. Foi isso o que minha mãe Oxum me ensinou.
Se quiser encontrar o amor e a liberdade, olhe para o espelho.
Diego Mesquita, 30, é criador dos perfis
@pretasbixas e @bixapretadosuburbio
no Instagram. É fotógrafo e morador do
subúrbio do Rio de janeiro.