Coroada nação
(Reprodução)
Lugar de Fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de junho de 2020 é “quarentena”
Limpe, lave
Não leve a mão aos olhos
Mas leve o olhar para a mão
Mão invisível do mercado
Escute o eco de anomia
Economia.
Pagamento à vista
Do nefasto califado
Mesma maré turbulenta
Diferentes barcos
Dilúvio.
Dilua cloro em água, faxina
Use o cloro que nada limpa
Cloroquina.
Ouça o clero político, necrofílico
Necropolítica.
Afinal, “vamos todos morrer um dia”
“Eu sou a constituição”
Minha fonte é a intuição
“O estado sou eu”
Mas o rei sol está nu
A coroa não é sua
Está só…
Dis-so-ci-a-do
Mas nem todos podem ver
Nem todos podem ser
Seguimos a mercê
De vento, ventania
Sopro, brisa
Vias aéreas, gotículas
De ondas de transmissão
Ondas de desespero
Aguardando a solução
[in vitro]
Água… transudatos, exudatos
Assola a vela…
Coroada nação
O ar já te falta
Atonita, aflita
Afogada.Inflamada.
Capsídio… envoltório…
Assola a vela…
Alvéolo
Velório.
Juliana Machado Leal dos Santos é residente de psiquiatria em Recife