Incidentes de segurança
(Foto: João Benz)
Em dezembro passado precisei trocar de aparelho celular e alterar meu número. Um homem me telefonou, pedindo para agendar uma entrevista sobre racismo. Como eu não podia na data sugerida por ele, solicitou que eu indicasse alguém da Coalizão Negra por Direitos. E que também lhe passasse o código SMS que me enviaria. Como era terceirizado da rádio, precisava provar, segundo disse, que realmente falou comigo. Pensei: “está mesmo terrível a situação de trabalhadores do jornalismo”, e passei o código de verificação do WhatsApp para o homem, sem perceber que estava caindo em um golpe.
O tal homem ou alguém que trabalhava com ele escreveu mensagens para três dos meus contatos pedindo dinheiro de forma direta, sem nenhuma explicação nem dado bancário. E, ao perceber que meu número estava sendo excluído de alguns grupos de WhatsApp, correu para excluir antes o contato que havia notado a invasão ao meu celular.
Pode ter sido estelionato. Pode ter sido ação de vigilância. Não há como saber. Fato é que as trocas realizadas no aplicativo, com ativistas, parlamentares, amigas e familiares, podem ter sido acessadas por pessoas que não sei quem são e cujas intenções desconheço. Aprendi mais tarde que essas situações em que não há certeza da violação e da vigilância são chamadas de incidentes de segurança.
Dias antes do episódio, dei entrevistas sobre a ação criminosa da Polícia Militar em Paraisópolis, no ato convocado pela Coalizão na frente da Secretaria de Segurança Pública; quatro dias depois do I Encontro Intern
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