O país que arde em fogo
(Foto: Reprodução)
Por Isaura Miranda de Oliveira,
Sou do país das armas
Do livro fechado
E da liberação das caças
Sou do país do racismo raro
Dos oitenta tiros
E da comemoração de regime sanguinário
Sou do país contra a corrupção
Do veneno no prato
E nove meses de tensão
Sou do país da família tradicional
De idiotas úteis
Onde a filosofia é banal
Sou do país da Amazônia devastada
De escolas de tiros
E mulheres merecendo serem estupradas
Sou do país que arde em fogo
De banhos de lama
E lavouras de arrogo
Sou do país do povo de Deus
Que faz arminha com as mãos
Abala direitos, meus e seus!
Eu sou desse Brasil…
Sou mulher, sou pobre!
E não desisto de mudá-lo nem na mira de fuzil!
Isaura Miranda de Oliveira, 33, é bibliotecária em Goiânia-GO