Salão Internacional do Livro de São Paulo
Quando a Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou que a Bienal Internacional do Livro de São Paulo (que teve sua 15ª edição realizada em abril/maio do ano passado) daria lugar a uma salão anual, o mercado editorial brasileiro reagiu com uma certa perplexidade. O motivo é simples: até então, havia no país duas grandes bienais do livro que aconteciam em anos alternados em São Paulo e Rio de Janeiro; com a decisão da CBL, criou-se uma competição entre os dois eventos, pois nos anos em que hou-vesse a bienal carioca aconteceria simultaneamente o salão paulista. Segundo os oponentes da idéia, isto obrigaria as editoras de menor porte a optar entre um dos dois eventos, acirrando a tradicional rivalidade entre as duas maiores cidades brasileiras; para os proponentes da medida, um mercado que publica cerca de 50 mil títulos anuais comporta tranqüilamente dois megaeventos do gênero. Essas opiniões divergentes vão ser postas à prova no final desse mês, quando acontecem o I Salão Internacional do Livro de São Paulo (entre 21 de abril e 2 de maio) e a IX Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro (entre 20 de abril e 2 de maio).
Objetivamente, já aconteceu uma mudança na política da CBL: seja porque a decisão de criar o Salão de São Paulo foi tomada quando o Plano Real ainda mantinha seu vigor (e de lá para cá, como se sabe, muita coisa mudou), seja porque várias editoras paulistas de prestígio optaram por participar apenas da Bienal do Rio, a CBL anunciou pela imprensa diária um acordo informal com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (entidade que promove o evento carioca) para que nos próximos anos as datas das duas feiras não coincidam mais.
Seja como for, o Salão abre para o público no dia 24 (os dias 21 a 23 estão reservados aos profissionais do mundo editorial) com alguns trunfos, como uma extensa programação de seminários, debates e cursos para capacitação de professores, a exposição Os cem melhores livros do século (com as obras brasileiras mais significativas do período) e os cafés literários (encontros entre autores e leitores para conversas informais sobre o fazer literário, os hábitos e as preferências de leitura, as influências, e temas variados referentes à atividade artística e criadora). Com um investimento da ordem de R$ 5 milhões, o Salão Internacional do Livro de São Paulo é, enfim, uma grande aposta na capacidade do mercado editorial de enfrentar nossa crise econômica e social, transformando o livro em moeda corrente que assegure a continuidade de políticas editoriais e o espaço da cultura e da literatura num país cujos piores flagelos têm raiz nas carências de educação e formação intelectual.