A negação de todos os poderes
Maikon Kempinski durante a performance 'DNA de DAN', alvo de denúncias por obscenidade (Foto Victor Takayama / Divulgação)
Pensamos sob o efeito de hábitos mentais. O mais básico desses atos é a crença. Falamos crença e pensamos logo na crença em Deus, ou na vida após a morte. Podemos, contudo, crer na ciência tanto quanto em uma opinião. Cremos em nossas próprias opiniões que nos parecem sempre as mais confiáveis. As crenças, em sentido geral, sustentam o todo da nossa vida mental que se expressa como linguagem que assume a forma administrada de teoria. Teorias científicas dependem de crenças do mesmo modo que as teorias populares nos ajudam a organizar o cotidiano. Colocamos teorias onde se exigem explicações, ou o impensado nos assusta. Há pessoas que preferem ter um desenho exato do que seja Deus, por exemplo, a ter que pensar em Deus como um mistério. O mistério também é um ponto de partida das teorizações, mas poucos se relacionam com ele sem angústia.
Explicações nascem de crenças e fazem parte das construções das verdades usadas por todos para sustentar crenças. O círculo do conhecimento é vicioso. Isso vale para todas as esferas da vida; da religião à moral, da economia à política, o que vemos são crenças usadas para sustentar crenças. Vale inclusive para a arte, que não devemos tomar como uma ideia, substância ou conceito estanque, mas antes como um campo geral onde se dá um tipo de experiência complexa que atinge justamente o lugar das nossas crenças.
Arte como problema
Assim, quando entramos em contato com o campo das artes, tendemos a usar teorias prévias, sejam elas “científicas” ou populares, para nos orien
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