A apatia
O muro que separa o bairro de Jerusalém Oriental de Betânia de Abu Dis e o resto de Jerusalém Oriental (Arte: Revista Cult)
Vivemos momentos regidos por excêntricos, que pensam apenas neles e não vão pensar no povo
A apatia, o nojo, o descaso, ou, quem sabe, o cansaço da luta diária, tira da grande maioria do povo pobre. Ele não quer ouvir falar dos mortos, dos mandos e desmandos, dos golpes, das paranoias do circo político, mas segue pagando a conta pela falta do querer saber.
É tanta coisa ruim empurrada goela abaixo, do programa de governo ao programa de TV. Quando pensam que o pior já aconteceu, cai um avião. A Lava Jato está indo por água abaixo, a jato. Já que essa vaca já foi para o brejo, a vida vai seguir em frente. Mas não, eles não se cansam, e pintam tudo de cinza.
E pensamos: vamos ver o que está se passando lá fora, no exterior. Mas lá fora está pior. O louco desalmado, vaidoso, sem amor, que não aguenta críticas, mandou fazer um muro para se isolar do México. E olha que de excentricidade, vaidade e mexer com muros estamos bem. Eles vêm com força total incentivando o retrocesso completo. Mulheres, então, nem se fale. Nós viraríamos o lixo do lixo se não estivéssemos cientes de quem somos e a que viemos. Os machistas vão sofrer muito, no mínimo ganharão uma úlcera de ódio com as manifestações, com as falas, com a união, com as gordinhas lindas nas capas das revistas. E se não falarem de gênero nas escolas é pior para vocês. Vamos falar no boca a boca, nos blogs, vamos fazer o clube das meninas e vamos nos fortalecer a cada dia mais. Porque, se tem uma coisa que dá muito orgulho e alegria de ser hoje em dia, é ser mulher, é ser negra, é ser forte.
Vivemos momentos regidos por excêntricos, que pensam apenas neles e não vão pensar no povo. Desejam e trabalham para que o povo não pense, não grite, não fale, e que siga na apatia.