Nelson Rodrigues 100
Com a personagem Sônia, uma garota de 15 anos, falando sobre sua vida depois de assassinada, Nelson Rodrigues criou seu primeiro monólogo, Valsa Nº 6, em 1951. Em homenagem ao autor, que completaria 100 anos em 2012, o espetáculo é remontado sob a direção de Marco Antônio Braz.
A encenação integra a mostra Quem Ainda Tem Medo de Nelson Rodrigues?, dirigida por Braz e Renato Borghi e que também apresenta Beijo no Asfalto e Os Sete Gatinhos.
CULT – Valsa Nº 6, por ser um monólogo, é mais difícil de ser montada do que as outras peças da mostra?
Marco Antônio Braz – Em tese, sim. No entanto, brinco que a peça é um falso monólogo, porque por meio de Sônia estão representados todos os personagens de Nelson Rodrigues. E, no caso específico desta montagem, teremos citações como se Nelson estivesse na peça, porque ele se projetava em seus personagens.
O monólogo ficou pouco tempo em cartaz à época do lançamento, no entanto é considerado hoje uma obra relevante. A que se deve isso?
Há uma grande dificuldade nessa peça, que é o fato de a personagem Sônia ter 15 anos. Não há como colocar uma atriz com a mesma faixa etária. No caso, Lívia Ziotti, que encenará essa montagem, tem 26 anos. Além disso, só houve mais liberdade para tratar alguns temas depois dos anos 1980.
Porque decidiu montá-la?
Brinco que, para escolher as peças montadas no evento, abrimos um jornal popular e vemos os temas. O Beijo no Asfalto trata a questão da homofobia e Valsa Nº 6 tem uma sombra de pedofilia, trazendo os olhares masculinos que causam terror na garota, que por fim é assassinada por um velho pedófilo. São temas que as pessoas tentam varrer para debaixo do tapete e Nelson Rodrigues lança ao ventilador.
Qual sua relação com a obra de Nelson Rodrigues?
É quase espiritual. Aprendi a fazer teatro a partir da dramaturgia dele. Nelson Rodrigues me fez economizar em psicanálise.
Onde: Teatro de Arena Eugênio Kusnet – R. Dr. Teodoro Baima, 94, São Paulo (SP)
Quando: 12/11 a 11/12
Quanto: R$ 20
Info.: (11) 3256-9463