Lanzmann ameaça deixar mesa na FLIP
Na mesa de encerramento do terceiro dia da FLIP, o jornalista e cineasta Claude Lanzmann justificou sua fama de temperamental, que já vinha se espalhando pelo centro de imprensa e pelas ruas de Parati, e ameaçou deixar a mesa de que participava.
Como o mediador, o professor da Unicamp Marcio Selligman-Silva, insistia em discutir seu documentário sobre o Holocausto, Shoah, o francês o interrompeu bruscamente, pedindo para que falasse de seu livro. No caso, A lebre da patagônia, de caráter marcamente autobiográfico e que está sendo lançado pela Companhia das Letras.
Muito bem escrito, nele o judeu Lanzmann lembra a infância passada na França ocupada, durante a Segunda Guerra Mundial, a amizade com o filósofo Jean-Paul Sartre – a quem sucederia na direção da revista “Temps Modernes” – e a relação amorosa com Simone de Beuavoir.
Mas isso não transpareceu no encontro: reverência e falta de jeito de um, mau humor e estrelismo de outro tensionaram o ambiente e frustraram o público.
Nada parecido com a mesa que reuniu no começo da tarde os escritores valter hugo mãe (que insiste em assinar com minúsculas), português, e a argentina Pola Olaixarac (cujo nome de batismo é, na verdade, Paola Caracciolo). Com grande domínio do público, mãe chorou ao lembrar a relação de afeto que nutre pelo Brasil desde a infância.
Já Pola parece ter se intimidado com a fama de musa informal do evento. Olhos baixos, mãos cerradas, ponderada demais em sua fala, ela teve a humildade de, ao final, juntamente com a plateia emocionada, aplaudir o belo da tarde.
(2) Comentários
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Considero Marcio Selligman o mais preparado crítico literário da minha geração e Lanzmann é um despreparado em relações humanas,um sujeito que não conhece nada do Brasil.Ficou irritado porque tinha um intelectual na mediação que podia interagir à sua altura. A Flip é uma grande bobagem, uma festa de egos que não aprofunda nada.Palmas,fotos,um monte de gente deslumbrada que nunca leu um livro e nunca lerá.Sinto pelo professor Selligman-Silva, que perdeu tempo e deve ter detestado o circo.
Marcio Selligman-Silva foi extremamente profissional. Senti vergonha alheia por Claude Lanzmann. Ah, o livro é chato!