Machismo e homofobia

Machismo e homofobia
Fotografia de Adriana Valentin para o projeto Velada (Foto: Adriana Valentin)

 

Por Felipe Roberto Martins

O machismo e a homofobia andam ligados.

Meu lugar de fala: homossexual/ homem.

Acho muita estupidez quando tem gente que diz que preconceito não existe, principalmente em relação aos homossexuais. Sem ser homossexual, sem conviver com homossexual ou pelo simplório fato de não ter empatia.

Sofri preconceito durante toda a minha vida e posso falar com certa profundidade sobre o tema.

Muitas vezes era sutil, tão estrutural: imperceptível aos olhos desumanos de um conjunto de sistemas que treina os olhos para não sentirem e os ouvidos para não ouvirem.

Quando criança, depois na escola e em alguns trabalhos, de maneira velada.

Creio que a gente nunca tá preparado para enfrentar os preconceitos – essencialmente – quando somos crianças.

E cada palavra, cada atitude de preconceito é uma morte simbólica dentro da gente.

Mas… a cada palavra, cada atitude anti-preconceito é uma ressurreição simbólica dentro da gente.

O preconceito que sofri foi por ser homossexual. Bullying na escola, bullying na vida.

Quando o STF criminalizou a LGBTfobia me senti tão cidadão, para você que lê isto e talvez não compreenda a potência de uma ação assim!

Imagine a quantidade de pessoas que sofreram e sofrem na pele e na alma a LGBTfobia no momento que você lê meu texto, são incontáveis os casos.

O que muita gente não entende é que a sexualidade da gente é uma – parte da vida – da gente e não a única parte, algo que também é legal de esclarecer.

Quantas pessoas morreram caladas pelo preconceito?

E outras tantas que abriram caminhos para as vitórias dos últimos anos pela igualdade?

Algum tempo atrás houve a regularização pelo STF do casamento entre pessoas do mesmo sexo, grande alegria, pude casar, ter os mesmos direitos civis, exercer minha cidadania, “ser” ser humano.

Quem teve acesso a vida toda ao direito do casamento, não sabe o que é não tê-lo…

Sempre me passa pela mente o preconceito que era replicado pelas crianças quando estava no ensino fundamental 1 e 2.

As crianças simplesmente expunham em palavras preconceituosas e atitudes, suas famílias e a sociedade revestida de preconceito… as crianças não eram assim, só eram reflexos do país/ mundo.

A colheita de um Brasil sem empatia, cidadania e de um mundo assim também. Tendo como oprimidos: LGBTs, mulheres, negros, índios, pobres, imigrantes…

Considero que tivemos avanços, nestes últimos anos, quando falamos de preconceitos; não que o preconceito deixou de existir, sinto que estamos em evolução, fico feliz pelas gerações futuras, é um bom sinal, de que teremos novos pensamentos e comportamentos mais abertos à diversidade que compõe todos os seres humanos.

Hoje, sou professor, volto para a escola não só para “ensinar” conteúdos, mas para ensinar através de textos da Literatura Brasileira como romper ciclos tóxicos de opressão.

E você, quais são seus comportamentos no cotidiano para desconstruir preconceitos enraizados?

Vamos romper os ciclos tóxicos juntes?

Felipe Roberto Martins, 34 anos, é LGBT, professor de língua portuguesa, literatura e comunicação profissional em Suzano (SP)

 

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