Padre António Vieira: o profeta encarcerado

Padre António Vieira: o profeta encarcerado
  Em 12 de julho de 1697, em sua cela no Colégio da Bahia, Vieira dita uma carta endereçada ao Padre Geral dos Jesuítas, Pe. Tirso González. Diz que em sequência a duas sangrias que os médicos lhe receitaram, perdeu a vista, tendo já quase completamente perdida a audição. Cinco dias mais tarde recebe a extrema unção e à primeira hora da manhã do dia 18 falece. Tinha 89 anos. A nau que da Bahia leva para Lisboa o tomo XII dos Sermoens, que vinha aprontando para publicação, leva também todos os papéis que foram encontrados em sua cela e a notícia: um grande pã morreu. Havia 16 anos retornara à  Bahia. Aí se lembravam daquele que havia exatos 40 anos partira para Lisboa como enviado da Província do Brasil para render preito ao novo rei D. João, o quarto, restaurador da coroa portuguesa, que por 60 anos estivera sob o domínio espanhol. Quando volta à Bahia, em 1681, é para desempenhar cargo de visitador das missões indígenas, reescrever seus sermões para serem impressos, dar pareceres acerca da administração jesuítica: afinal, o religioso é agora um sexagenário e esperava-se que se desvinculasse das questões públicas e terrenas do Reino. Mas já no ano seguinte ao seu retorno, indispõe-se com o recém-chegado governador António de Sousa de Meneses (o "Braço de Prata"), de quem o conhecido Gregório de Matos e demais poetas da terra "diziam mil lindezas". Num episódio cheio de peripécias, em que se contam assassínios, fugas noturnas, homiziados em convento de freiras e cerco pelos soldados da matriz da cidade do Salvador

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