Ódio como estratégia na era do terrorismo imbecilizatório

Ódio como estratégia na era do terrorismo imbecilizatório
Como um veneno, um vírus, o ódio é uma mercadoria útil quando se trata de destruir algo (Arte Andreia Freire)
  Eu conspurco, tu conspurcas, ele conspurca, nós conspurcamos e assim por diante. Nunca um verbo combinou tanto com uma época. Conspurcar se tornou normal na era do terrorismo imbecilizatório que veio substituir qualquer projeto civilizatório que ainda pudesse estar nos planos da comunidade humana. Palavra antiga e nada bonita, conspurcar significa poluir e manchar. Conspurcação é o nome do estrago geral que se faz em nossa época a tudo o que antes tinha valor. Vivemos em uma sociedade conspurcada, em tempos de deterioração do valor das coisas em nome de um valor único, o do próprio capital. A democracia, o voto, a Constituição e qualquer lei, os direitos, os discursos, a inteligência, a imagem de pessoas, a verdade, tudo é conspurcado, ou seja, vilipendiado, rebaixado e transformado em coisa sem valor. No campo retórico a conspurcação é uma verdadeira estratégia. Não é à toa que guerrilhas altamente fascistizadas usem em profusão, sobretudo nas redes sociais, a palavra “lixo” aplicada a pessoas e a visões de mundo. Todas as que representam a democracia nesse momento histórico sofrem conspurcações. Qualquer um que a represente será, mais cedo ou mais tarde, marcado pela lógica do vilipêndio, pela mancha pura e simples. Poderíamos dizer o mesmo do verbo odiar, mas o ódio só tem força quando ele é politizado, ou seja, quando é usado como combustível ou operador do projeto de conspurcação geral ao qual estamos submetidos na era do capitalismo de desastre que se expande pelo país e mundo afora. Se estamos fala

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