O pensador que queria ser indivíduo

O pensador que queria ser indivíduo
Soren Kierkegaard. Manuscrito de 'A doença até a morte' ou 'Tratado do desespero', de Kierkegaard, 1849 (Creative Commons / Arte Revista Cult)
    No dia 5 de maio de 2013 comemora-se o bicentenário de nascimento de Soren Kierkegaard (1813-1855), filósofo dinamarquês de grande influência sobre o pensamento contemporâneo, no entanto pouco estudado no Brasil e mesmo no restante do mundo. Curiosamente, é um autor bastante mencionado, segundo um costume curioso: muita gente costuma citá-lo, mas quase ninguém o leu. Fala-se de Kierkegaard como aquele que queria ser “indivíduo”, crítico mordaz de Hegel e do cristianismo vivido na Dinamarca do século 19, pai do existencialismo e por aí afora. De modo geral, sob esses clichês repousa uma espécie de pressuposto: Kierkegaard seria um destruidor da razão sistemática, principalmente a do viés hegeliano. Porém, se Hegel o visse sob esse rótulo, certamente daria uma piscadela e, com um sorriso autoconfiante, veria em seu antípoda a exceção que confirma a regra; afinal, como se diz, não há nada mais hegeliano do que a contraposição a uma tese, em busca de nova síntese. A parte o clichê, não deixa de ser verdade que Kierkegaard se opôs ao sistema de Hegel, dizendo que este construiu um palácio racional suntuoso, mas continuava morando no casebre dos fundos, pois sua filosofia não dava conta da vida e de tudo aquilo que ajuda alguém a tornar-se realmente indivíduo sem se perder em abstrações que o separam de si mesmo. Em benefício da experiência pessoal vai o elogio de Kierkegaard ao pensamento produzido na carne da existência, com uma ênfase explícita na biografia; não a biografia burguesa e da autoexposição narcísic

Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »

TV Cult