“Contra a miséria neoliberal”, de Rubens Casara, e outras sugestões de leitura

“Contra a miséria neoliberal”, de Rubens Casara, e outras sugestões de leitura
Em "A miséria neoliberal", Casara passa por três eixos de formação do neoliberalismo - racionalidade, normatividade e imaginário

 

[não-ficção]

Em Contra a miséria neoliberal, Casara coloca em perspectiva os estudos sobre o liberalismo desenvolvidos há vinte anos em todo o mundo. À imprecisão com que o significante “liberalismo” é tratado, argumenta Christian Laval no texto introdutório, corresponde uma má apreensão desse fenômeno político e, em consequência, erros de análise e de estratégias de enfrentamento. O autor, então, passa por três eixos de formação do neoliberalismo – racionalidade, normatividade e imaginário – para entender a formação social contemporânea e elaborar alternativas que rompam a inércia diante da naturalização do absurdo da desigualdade e da miséria.

Estudo sobre o renascimento das pesquisas com alucinógenos, com foco nas empreitadas das ciências brasileiras, para a manutenção da saúde mental. Substâncias como o LSD, cogumelos, MDMA e ayahuasca comparecem no debate, em estudos que mostram seu potencial para tratar depressões, estresses pós-traumáticos e dependências químicas. Ao relato das principais pesquisas em torno do uso medicinal de alucinógenos, o autor mescla suas experiências pessoais, sendo capaz de reportar, “como psiconauta iniciado, o sabor, a textura, a cor e toda a qualidade íntima” das mudanças cerebrais ocorridas com a ingestão dessas substâncias, como Sidarta Ribeiro escreve no prefácio. É um livro, complementa o prefaciador, que perspectiviza a revolução científica que “vem colocando as substâncias psicodélicas no centro da psiquiatria do século 21”.

Embora tenha publicado apenas um romance em vida, Esta valsa é minha (1932), a autora colaborou periodicamente com contos e textos para a imprensa entre 1917 e 1948. A obra reúne treze desses textos, até então inéditos em livro. Além de introduzir o leitor à produção literária de Zelda, a coletânea amplia o panorama da literatura modernista europeia da primeira metade do século 20. Em “O livro mais recente do meu marido”, por exemplo, tem-se uma crítica ácida a Os belos e malditos (1922), de Scott Fitzgerald. Nela, a autora ironiza o fato de páginas desaparecidas de seu diário reaparecerem no romance do marido. Como escreve Marcela Lanius no prefácio, o livro recoloca Zelda como uma importante autora modernista, independente da imagem construída que se centra no sucesso de Scott.

Análise do historiador medievalista francês sobre a experiência política do Exército Zapatista de Libertação Nacional, organização mexicana formada principalmente por militantes indígenas. O autor indaga-se sobre a própria palavra zapatista e sua relação com essa insurgente forma de fazer e pensar a política, rompendo as fronteiras entre a teoria e a prática zapatista. Em sua definição, essa experiência revolucionária representa uma fenda. “Uma fenda na dominação capitalista que provocou uma tormenta destrutiva e terrível em todo o planeta. Uma fenda que permite vislumbrar um amanhã feito de muitos outros mundos. Uma fenda que começou a construir um deles a partir de agora”, escreve.


[ficção] 

No romance de estreia da escritora mineira, entrelaçam-se as histórias de quatro mulheres de diferentes gerações. A baiana Dora deixa sua cidade natal para estudar em São Paulo. Para isso, lega à mãe Raquel os cuidados de Amélia, sua filha recém-nascida. O retorno de Dora à cidade de origem, para se despedir de sua avó Janaína, adoentada, vai catalisar os conflitos entre as quatro mulheres em sua necessidade de relação e conexão familiar. A gameleira-branca, do título, faz referência a uma árvore típica de regiões quentes brasileiras que simboliza os movimentos do tempo e sua relação com conhecimentos ancestrais.

O marco temporal do título é uma referência aos últimos instantes de funcionamento do cérebro após a parada cardíaca de Leila Tequila, protagonista do romance. Nos arrabaldes de Istambul, a prostituta, sentindo o corpo progressivamente se entregar à morte, relembra sua trajetória, invocando sabores, visões, amizades, bairros e ruas de sua cidade, que não deixam de pintar um retrato de uma mulher em situação de vulnerabilidade no Oriente Médio. Como declara a escritora turca logo no início do livro, Istambul “é, e sempre foi, uma cidade mulher”.

Novo livro de poesia do escritor paulista. Dividido em cinco eixos, os poemas transitam entre a ironia, humor, imagens de violência urbana e ideias de suicídio, como nota Claudia Roquette-Pinto. Como escreve a poeta, o autor parece tomar as lições de Bashô, poeta japonês considerado um dos mestres do haikai, atualizando sua poética sucinta para o registro de um mundo em decadência. Trata-se da “afirmação inegável de uma poesia que, a despeito de todo o terror ao redor, segue afiada, ligada e com o dedo no pulso da vida – ou no gatilho”, descreve.

Em seu novo romance, o escritor mato-grossense coloca em cena um pai, diagnosticado com uma doença terminal, que pretende assassinar o agressor de sua filha. Absorto em sua obsessão de vingança, planeja o crime alheio ao mundo exterior que rui. Quando deixa o seu apartamento, depara-se com uma cidade apocalíptica, que tenta se reerguer após um fracasso civilizacional. A nova metrópole, comandada por um bispo líder de milícias, “agricultor de cemitérios”, alegoriza a situação do Brasil em perspectiva com seu passado violento e brutal.


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