“Entender a subjugação racial no Brasil me levou para a filosofia”

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“Entender a subjugação racial no Brasil me levou para a filosofia”
A Filósofa Denise Ferreira Da Silva (Divulgação)
  Sua tese – que se transformou em Homo modernus – parece ser um acerto de contas com a tradição do pensamento social que aprisionou os negros na democracia racial, ao mesmo tempo que reposiciona o debate racial do Brasil no contexto internacional. Isso não apenas por comparar Brasil e Estados Unidos, mas por implicar a filosofia moderna no problema racial. Por que pensar o aspecto racial a levou para a filosofia? Porque não tinha outro lugar. Porque é ali que começa. Essa é a resposta curta. A resposta um pouco mais longa seria: era necessário fazer o trabalho de andar para trás, mas andar para trás olhando para frente, como o anjo de Walter Benjamin, e fazendo perguntas que me levavam a uma parede epistemológica. Não era nem uma parede ontológica, era uma parede epistemológica. E a primeira parede epistemológica foi exatamente a pergunta que servia de ponto de partida para os pensadores sociais brasileiros, que era o problema da população negra no Brasil. Para eles, não era o problema racial, o problema era a população negra. Então, a primeira coisa foi questionar: mas por que é um problema? Antes da nação ela mesma, de um discurso nacional, tem esse problema. Isso por um lado. Por outro, eu estava fazendo a tese de doutorado, que era para ser comparativa. Uma comparação entre o Brasil, a África do Sul e os Estados Unidos, uma comparação do discurso de raça e nação. A África do Sul eu abandonei, porque não pude viajar para lá e não queria escrever sobre uma realidade que eu não conhecia, mesmo que o trabalho não foss

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