Dossiê – Para onde vai o mundo do trabalho?

Dossiê – Para onde vai o mundo do trabalho?

Estamos habituados a compreender o conceito de trabalho humano simplesmente como atividade econômica. A centralidade desse conceito, tomado nessa dimensão, é hoje tão debatida nas instituições empresariais, sindicais, acadêmicas e governamentais que aquilo que poderíamos chamar de “essência do trabalho” acaba sendo deixado em segundo plano.

Para o filósofo alemão Herbert Marcuse, entretanto, a colonização da teoria econômica sobre a totalidade desse conceito nos faz perder o significado geral, mais abrangente, do que representa o trabalho no âmbito da existência humana. Pois, como Marcuse e muitos autores sustentam, existe uma definição de trabalho que é anterior à acepção comum, ligada à produtividade; uma definição que não vê o trabalho apenas como atividade econômica, mas como categoria histórica de um “acontecer” fundamental à nossa presença no mundo.

A busca por essa definição nunca esteve tão atual. Por um lado, a recente crise financeira nos exorta a uma reavaliação das condições reais do trabalho, deterioradas nos últimos anos. Por outro, exige de nós a compreensão teórica dos rumos do trabalho no século 21.

O dossiê CULT procura apresentar sumariamente esses dois aspectos. Suzana Albornoz resume, no primeiro ensaio, o desenvolvimento da ideia de trabalho na história da filosofia, chamando atenção para alguns momentos relevantes da trajetória desse conceito.

O psicanalista francês Christophe Dejours, hoje um dos maiores especialistas em psicologia do trabalho no mundo, analisa os modos contemporâneos da organização do trabalho e as doenças vinculadas a esses modos, encontrando no reconhecimento a chave para a verdadeira satisfação psíquica.

Ricardo Antunes enumera os impasses do emprego no Brasil e no mundo, como a redução das garantias sociais e a degradação das condições de trabalho.

Ruy Braga e Marco Aurélio Santana apresentam a situação atual do sindicalismo e apontam para formação de um novo proletariado, o infoproletariado, cuja imagem simbólica seria a do operador de telemarketing.

Por fim, Ruy Braga entrevista o sociólogo britânico Michael Burawoy, professor da Universidade de Berkeley (EUA), que fala de sua experiência como operário por mais de 20 anos em países como a Zâmbia, os EUA e a Rússia, e de como ela reorientou sua visão teórica sobre o trabalho.

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