Dossiê – Literatura norte-americana do século 20

Dossiê – Literatura norte-americana do século 20

Para muitos críticos brasileiros, o conjunto da produção literária nos Estados Unidos é a mais impressionante do século 20. Entre os prosadores deste período, estão nomes como Sinclair Lewis, William Faulkner, Ernest Hemingway, John Steinbeck, Saul Bellow e Toni Morrisson, apenas para citar alguns vencedores do prêmio Nobel. Mas percebemos a fragilidade desse critério quando percebemos que ficam de lado nomes centrais da literatura mundial como Francis Scott Fitzgerald, J.D. Salinger e Philip Roth – talvez o maior escritor norte-americano vivo. A poesia, por sua vez, trouxe o imagismo de Ezra Pound, a erudição e acuidade sonora dos versos de T.S. Eliot , o antissimbolismo de William Carlos Williams e a inquietude de Allen Ginsberg, ícone da geração Beat. No teatro, Tennessee Williams e Arthur Miller representaram o contraponto à dramaturgia de molde realista, que deixava à margem questões histórico-sociais e seus impactos no indivíduo. Para a elaboração deste dossiê, a CULT contou com a participação de renomados especialistas que analisam o legado dos principais autores e obras deste fecundo período da literatura mundial.

Optamos por circunscrever nossa abordagem a um panorama da prosa (nos dois primeiros textos), da poesia, do teatro e por fim à relação entre cinema e literatura. Assim, Luiz Angélico da Costa faz um levantamento das contribuições e pluralidades do cânone da prosa da primeira metade do século – período ao qual pertencem os ícones Faulkner, Fitzgerald e Hemingway. Na sequência, CULT apresenta ao leitor um trecho inédito da nova tradução de Absalão, Absalão!, um dos principais romances de Faulkner, que será lançado no mês de junho.

Ainda na temática da prosa, Sérgio Luiz Prado Bellei analisa a produção da narrativa do pós-Segunda Guerra. Aspectos sociais, políticos e culturais norteariam de maneira decisiva a obra dos expoentes daquele período. Eventos como o uso da moderna máquina bélica a serviço da barbárie, a caça às bruxas capitaneada pelo senador McCarthy, a humilhante derrota no Vietnã culminariam em uma prosa marcada pelo medo, angústia e alienação, representada na obra de autores como Saul Bellow, Philip Roth e Joseph Heller.

As principais vozes da poesia são contempladas no texto de Maria Clara Bonetti Paro. Dos desdobramentos do Alto Modernismo – representado essencialmente por T.S. Eliot e Ezra Pound –, passando pelos grupos Black Mountain, Beat e Language, até a poesia eletrônica contemporânea do EPC (Eletronic Poetry Center).

Maria Sílvia Betti realiza um mapeamento da produção teatral. Inicialmente, a autora analisa os anos 1910 – período de constituição da identidade do teatro norte-americano. As novas concepções artísticas de então encontrariam em Nova York seu foco irradiador. Na sequência, são contempladas a efervescência cultural da década de 1930, a influência direta das transformações socioculturais da década de 1940 e a importância dos circuitos alternativos nas obras de 1950 em diante.

Por fim, Mauro Rosso analisa a relação entre cinema e literatura. De que forma as produções de Hollywood se apropriam da tradição literária daquele país? Ao utilizar exemplos da produção cinematográfica, o autor apresenta confluências e disparidades entre as linguagens, de modo a oferecer ao leitor subsídios que permitam ultrapassar a superficialidade da corriqueira questão: O livro é melhor que o filme?

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