Desmedidamente em prejuízo!

Desmedidamente em prejuízo!

 

Lugar de Fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de maio de 2021 é “desejo”


Tinta, corante. Geralmente não tóxico, que possibilita a convivência, neste caso, da leitura da qual tanto precisa o Brasil, que ainda acredita em “salvadores”. Enganações à parte, os livros têm seus desejos típicos: auxiliarem no processo de gerar ideias. Temperamento para ler pode alargar o respeito às escolhas individuais, nas quais cabem os intelectos. Através dos livros, outros caminhos surgem, inclusive o de não compactuar com mais tributações, que vêm judiando de todos os estados brasileiros. Bens pigmentados que vendem nos supermercados, os mesmos a cada dia, dependendo do turno, com preços inconstantes. De novo, o governo abusa das pessoas, tira a realização do querer alimentar, e nenhuma gorjeta resolve, machucado grave que curativo adesivo disfarça. Firmando as coisas, consumo gastronômico fica inflacionado, e a população sem garantia de estômago satisfeito.

Cola. A maioria das encadernações físicas na atualidade apresentam páginas fixadas como encaixe, cabe ao processo gráfico, perícia para organizar, o caprichoso livro. Antes, uma obra absorvia escritoras e escritores, chegando no editorial. Agora, naquele exato momento, colagem que sela venda – necessita preço acessível, para o país não cair em mais truculências –, dando aos povos nacionais, variedades, escolhas. Materiais colantes protegem as mercadorias alimentícias, é impossível ignorar alguma comida, que a juba da inflação tornou indisfarçável. Anseios de itens essenciais, nada de divagações, vindas da publicidade alimentícia. Nem as táticas do ramo provocam na maioria das pessoas aquisições completas, tampouco as serpenteadas filas dos mercados, onde os produtos das gôndolas tentam convencer.

Embalagem. Conhecida como capa-contracapa, a publicação tem gana de causar uma agradável aparência para início de leitura. Um livro, pois, seleciona gente leitora, no Brasil descontextualizado do momento, vira uma ameaça, imprestavelmente vão sabotar – desculpa acolá, taxa aqui. Livresco o país nunca foi, pelo motivo de que, através dos livros, a opinião pode renovar, sobretudo envolvendo opções democráticas: quanto menos a leitura for acessível à população, mais ela é manobrável. Protege o alimento, seu invólucro, que a data de validade indica até quando consumir. Promoções tornam-se cruciais para a clientela e para a prestação de serviços sobreviverem, primeiro comprando, segundo ofertando. Febres avivam, que os preços parem de oscilar, nos mais rápidos olhares, entre verdades e trapaças, de quem está um pouco protegido, por teto e roupa, mas também a pessoa em situação de rua vulnerável ao sistema.

Sumário. De nomes diferentes nos países lusófonos, deste idioma do alvo que é o português, possui a maioria dos livros, considerados resumos, ou direcionamentos, para quem cede no começo ou durante a leitura à necessidade afim de consulta. Em algumas publicações, pontilhismo e numeração assustam. Igual quando faltam, pois trazem uma espécie de organização, conquanto da poesia e/ou prosa, característica que auxilia às decifrações mais bagunçadas que possam existir. As placas de valores também sumarizam, das pequenas abaixo dos produtos às grandes içadas no ar. Devem ter uma mesma técnica tipográfica, realização pelo mesmo motor financeiro. Nos supermercados já foram importantes, e de alguma maneira, apesar dos impostos brasileiros moerem o valor final das entusiasmadas peças, facilitavam o alimento para o físico, imprescindível para que a mente esteja saudável.

Impressão. Livro ganha coletivo, seja dez, seja dez mil pessoas, reclama um maquinário que imprima, mesmo o e-book acena ao digital futuro, tendo respaldo ecológico, instala outro tipo de vontade da edição física. Visto que o diálogo, do tato pela publicação, segue outro formato para conhecimento e descoberta. Nos dois casos a leitura vai do gosto, mas os livros precisam de preços que não rivalizem com as sobrevivências diárias, porque estamos passando sem livros, sem alimentos, marchando para mais barbaridades. Os volumes dos mercados atenuam falecimentos por palpites, daqueles vitais aos que comprávamos por apetências, ou seja, povo que sofre, sem reclamar de fato, ainda apregoa o sorriso, sendo chamado por países estrangeiros de feliz. As lutas básicas fazem parte do dia a dia dos moradores do Brasil, mas acontece que, nos últimos anos, os direitos ao alimento e à leitura, assegurados em um outro livro com o título de Constituição, são ignorados, via de regra, pelos dirigentes, e o povo permanece desmedidamente em prejuízo!

Alma. Toda obra contém, residência de quem deseja e vive de leitura. Habitantes, de todas as idades, principalmente nós, do continente latino-americano, procuramos encontrar essa vitalidade que sempre veio dos livros, desde o jeitinho aqui e ali de Johannes Gutemberg, que tinha coração brasileiro para negociatas. Um imposto de furos nos argumentos, sem qualquer cabimento lógico – ainda existe aqui? –, com estatísticas que pouco convencem. Nos escassos produtos do supermercado de um povo espirituoso, que tanto se consome, sem tempo apto para ingerir alimentos de qualidade, já que a somatória recebida pouco bate com as alíquotas distribuídas e arrecadadas. Taxação do livro exonera o governo de maior compromisso com a cultura, atingindo ainda mais grupos que não cansa de perseguir, contendo quaisquer pessoas de massas cinzentas exercitáveis. Ser livro, ser alimento, tencionamos.

 

Diogo Mendes, 31, é escritor e jornalista.
Nasceu no Paraná e vive em São Paulo.

 

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