A cura e a celeridade da vida

A cura e a celeridade da vida

 

Lugar de Fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de abril de 2021 é “cura”


 

Cura, uma palavra tão ínfima, mas com valor imensurável e surpreendente para aqueles que a vivenciam, pois às vezes, num momento de desesperança em que a finitude da vida revela-se de forma tão próxima, repentina, incisiva e temerária, ela transforma o que parece irreversível e presenteia com alívio, esperança, vigor, ânimo, novas perspectivas e, por que não dizer, novos sonhos.

A cura é uma dádiva, pois traz consigo, frequentemente, algo extraordinário, uma renovação interior que faz bem ao corpo, à alma e ao espírito.

O fato é que a constatação de perda da saúde e o anseio pela completa recuperação acabam desencadeando profundas reflexões existenciais e, consequentemente, indagações sobre projetos e realizações. Assim, a mudança de valores torna-se inevitável e o tempo cronológico passa a ter uma nova dimensão, a de urgência.

Não é incomum ouvirmos relatos de pessoas que após uma experiência de cura adotaram uma nova forma de viver. Se dispuseram a realizar sonhos e envidaram todos os esforços para fazerem aquilo que realmente lhes proporcionasse prazer. Algumas dedicaram-se a tocar corações por meio das artes, seja cantando, dançando ou representando. Outras deleitaram-se com estudos literários e com a partilha de conhecimentos. E muitas delas desenvolveram um profundo desejo pelo bem-estar do outro e pela vida em sociedade, deixando de ser solitárias para tornarem-se solidárias. além de tantos outros caminhos trilhados.

É certo que na travessia da vida já passamos por períodos difíceis que nos fizeram refletir e nos impeliram a mudanças, mas quão proveitoso seria se tivéssemos a constante percepção de urgência, porque assim viveríamos intensamente cada dia e correríamos em direção aos nossos sonhos. Teríamos pressa em proporcionar o bem-estar do outro com aquilo que temos, seja com recursos materiais, intelectuais ou emocionais, oferecendo carinho e cuidado, experimentando e propiciando cura, porque quando doamos também recebemos e, quando promovemos a cura, também somos curados, porque na realidade é isso que nos faz viver.

 

Vanira de Souza, 55, é servidora pública, formada
em Letras Pela UEL e mora em Londrina-PR.

 

Deixe o seu comentário

TV Cult