Arte de rua, arte de todo dia: uma reflexão sobre a expressão humana e a vida

Arte de rua, arte de todo dia: uma reflexão sobre a expressão humana e a vida
Coruja do Binho Ribeiro que faz parte do acervo do SENAC JABAQUARA

Texto que sai no material que o SENAC Jabaquara produziu oara o dia de hoje no evento que temos por lá hoje: http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?newsID=DYNAMIC%2Coracle.br.dataservers.ContentEventDataServer18%2CselectEvent&template=946.dwt&event=1542

Se a arte contemporânea confundiu a cabeça de muita gente, por outro lado, provocou mudanças na sensibilidade e na mentalidade de uma época. O nosso modo de ver a arte hoje deriva de uma experiência histórica. Mas é verdade também que muitas vezes não temos experiência nenhuma com a arte. O tipo de educação que recebemos, a própria desvalorização das artes em geral no âmbito da cultura, a hipervalorização do dinheiro e do poder econômico em detrimento das relações sociais e do sentido da vida em sociedade, tudo isso contribui para nos afastar da arte. Ao mesmo tempo, a arte da qual nos afastamos é o caminho para mudanças sociais importantes. Se há uma função social da arte, ela é estética: abrir os olhos e as perspectivas pela mudança dos afetos. Mas é também política: permitir que as pessoas se expressem livremente por meio de sua imaginação estética. A expressão é um direito. E sem ela não é possível sustentar uma democracia.

Arte de rua é uma classificação usada por artistas e estudiosos, mas é sobretudo parte da experiência vivida de muita gente. No cotidiano das pessoas, a arte de rua é a forma de expressão que pega diariamente as pessoas de surpresa. Quem vive nas metrópoles, anda pelas ruas, espera um ônibus ou segue a pé pelas avenidas, se depara constantemente com intervenções que vão de desenhos coloridos até esculturas, de performances corporais até conceituais.

Muitas vezes é difícil entender ou até mesmo perceber a arte. Mas ela sempre interpela quem dela se aproxima. Isso quer dizer que ela sempre nos faz alguma pergunta. Seguimos sem resposta, muitas vezes pensando que o problema da arte é dos críticos, dos professores, dos artistas. Muitos de nós, mais curiosos, nos perguntamos se há algum significado no que está exposto por aí. Pode não haver um único significado, mas o que importa é que, perguntando sobre o que pode significar o que vemos, temos a chance de estabelecer uma relação com aquilo que nos é mostrado. Não apenas a obra de arte, mas também a cidade onde ela aparece e que, por incrível que possa parecer, muitas vezes esquecemos. E essa experiência com a arte na cidade é sempre transformadora para a arte e para a cidade.

Em uma época em que a experiência sensível está esmagada pela industrialização da cultura, pelo achatamento da sensibilidade, a arte de rua é um convite democrático à reflexão sobre nossas próprias emoções, pelo nosso modo de sentir e ver o mundo ao nosso redor. E é um chamado à expressão própria, pois a rua é de cada um e de todos nós. A cidade é nossa e a arte nos faz lembrar de que todos somos responsáveis por ela.

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