A legitimidade da filosofia africana no Brasil

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A legitimidade da filosofia africana no Brasil
Cerimônia de umbanda (no Rio de Janeiro), fonte de uma cultura que sofreu epistemicídio (Foto: Acervo Correio da Manhã/Arquivo Nacional)
  Todos os seres humanos adquiriram, e continuam a adquirir sabedoria ao longo de diferentes rotas nutridas pela experiência e nela fundadas. Neste sentido, a filosofia existe em todo lugar a Filosofia Africana nasceu em tempos imemoriais e continua florescendo em nossos dias. (Théophile Obenga, linguista, historiador e filósofo congolês)   Existe filosofia africana? Essa pergunta permeou e permeia os debates em torno da filosofia por haver um olhar racial que chega antes da resposta: se a filosofia parte da compreensão e da razão humanas, por que seres humanos africanos não são referenciados como teóricos no campo da filosofia?  Essas e outras inquietações transitam nos debates em torno da filosofia africana no Brasil, o que nos direciona a uma premissa comum: o esvaziamento da filosofia africana é fruto de um epistemicídio sistemático que invisibilizou os conhecimentos africanos, conceito cuja concretização só foi possível como consequência do racismo construído nas diferentes rotas coloniais. Para o filósofo sul-africano Mogobe Ramose, é com a colonização que os seres africanos passaram a não existir como sujeitos humanos e históricos, o que caracterizou sua invisibilidade e morte epistêmica. Dessa forma, no artigo “Sobre a legitimidade e o estudo da filosofia africana” (2011), Ramose inicia suas investigações apontando o eurocentrismo como propulsor desse fenômeno: “Os conquistadores da África durante injustas guerras de colonização se arrogaram a autoridade de definir a filosofia. Eles fizeram isso cometendo e

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